Existem aquelas famílias que têm um amor incondicional a um ou outro clube de futebol, que se vestem a rigor e torcem vivamente em dias de jogo e tornam estes eventos em verdadeiras reuniões e festejos familiares.

A minha família é assim mas não por amor a um clube de futebol mas sim pelo FIAT 500. É um amor que não se explica, já nasceu connosco. Eu herdei-o como se fosse um dos cromossomas do meu próprio ADN. O FIAT 500 para a minha família já é uma tradição e festejamo-la todos os dias, desde há três gerações de condutoras.

O início de um grande amor

Tudo começou em 1965 quando o meu avô conseguiu juntar um dinheirinho e decidiu fazer uma surpresa à minha avó para o seu vigésimo quinto aniversário. Tinham sido pais de duas belas crianças no espaço de três anos e toda a logística de transporte alterou-se: levar e ir buscar os miúdos à cresce, viagens ao supermercado, idas ao médico e encaixar isto tudo e mais num horário de trabalho não é fácil. Foi então que decidiu que a surpresa seria um carro. Andou meses a sondar o gosto automóvel da minha Avó desde as cores às linhas, o tamanho e desempenho, sempre à procura do carro perfeito para a sua amada.

Nas várias conversas de família, ele confessou-me o quão difícil esta tarefa foi “porque agradar a tua avó não é fácil e todos os dias as ideias eram diferentes”. De facto, a minha avó sempre foi uma mulher exigente. Foi então que decidiu arriscar e optar por um FIAT 500.

Chegou o tão esperado dia, naquela manhã de primavera. Os nervos eram tantos que o meu Avô nem dormiu na véspera.

Acordaram cedo, como todos os Sábados, e enquanto a minha avó preparava o pequeno-almoço o meu avô foi buscar o jornal à papelaria da frente. Isto deu-lhe tempo suficiente para pôr em marcha o plano da surpresa. Saíram de casa, naquela manhã de Sábado num dos passeios habituai com os filhos e lá estava, um FIAT 500 D vermelho de 1961, 499 cm3 de cilindrada, com 15 CV, estacionado à frente do nº18 da Rua Conde de Sabugosa, em Lisboa. O carro tinha um grande laço branco improvisado no tejadilho e um pequeno postal no para-brisas. O meu Avô conta que inicialmente a minha avó achou que era tudo uma brincadeira, mas depois acabou por cair na realidade. As primeiras palavras dela foram “mais perfeito do que tu, só mesmo este FIAT 500”.

A gargalhada foi geral e quando se aperceberam da surpresa, até os vizinhos aplaudiram. Apesar de não ser novo, foi um novo amor para a minha avó, um novo amor à primeira vista. Era ideal para a sua rotina, pequeno e fácil de estacionar mas grande o suficiente para levar os miúdos. Foram quilómetros atrás de quilómetros, de um lado para o outro, anos a fio. A minha Avó não ia a lado nenhum sem ser no seu FIAT 500 vermelho, sempre no seu melhor estilo.

Até era conhecida no bairro como a “senhora do FIAT 500 vermelho”.

O amor da minha avó pelo seu FIAT 500 não se desgastou estes anos todos e foi passado para a família. Este carro ainda hoje está na garagem dos meus avós e assim se deu início à nossa tradição.

Um amor continuado

Voltemos novamente  atrás, desta vez a 1980. A minha mãe, uma bela jovem de cabelos dourados, uma mulher vistosa e em linha com modas jovens, típicas à época. Estava a frequentar a licenciatura em Comunicação Social na Universidade Nova de Lisboa. Era uma aluna brilhante e sempre muito bem-disposta (e hoje ainda também). Com esta nova etapa da sua vida, os meus avós acharam que era uma boa altura para tornar a minha Mãe mais autónoma.

É nessa altura que surge a ideia de lhe comprar um carro, e qual foi (rufar dos tambores)? Obviamente que não hesitaram, foi um FIAT 500, obviamente.

Procuraram e lá encontraram um bom negócio com um FIAT 500 R, de 1976, desta vez branco. Tal como para a minha avó, aqui também foi preparada uma enorme surpresa. E, claro que, como qualquer jovem de 20 anos, a minha Mãe ficou radiante quando recebeu o carro. Todos os dias exibia o seu carro orgulhosamente, tanto que ganhou a alcunha de “FIAT” entre os amigos. Mas esta história não termina aqui.

Com alguma frequência, a minha mãe via no campus da faculdade um outro FIAT 500 R estacionado, mas azul escuro. Por ser um carro que era uma paixão na nossa família, naturalmente que suscitou a atenção na minha Mãe. Até que um dia, por obra do destino, ficaram ambos estacionados lado a lado. Do carro, contou-nos a minha Mãe, saiu um rapaz atraente que esboçou um sorriso tímido. Passaram semanas nisto, até que um dia o rapaz aproximou-se e num tom nervoso apresentou-se e convidou-a para tomar um café. E assim iniciou-se um belíssimo romance.

Este rapaz, claro que é o meu pai e estão juntos até hoje. A paixão pelos carros FIAT fez das suas e juntou o que nunca ninguém mais separou. O FIAT 500 da minha mãe está na garagem, saí apenas de vez em quando. Das minhas melhores memórias de infância fazem parte as viagens de férias de verão e idas à praia, no banco de trás com o rebelde do meu irmão sempre a fazer mil peripécias.

Um amor actual

Chegámos a 2008, eu fiz 18 anos e tirei  a minha carta de condução.

Mas antes disso, claro que já sabia conduzir porque a minha mãe ensinou-nos às escondidas nas férias de verão uns anos antes. E onde aprendemos a conduzir? Claro, no seu clássico FIAT 500 branco. Em tom de segredo, sabem qual é a minha personagem preferida do filme “Carros” de 2006, da Pixar? É o Luigi, pelas razões óbvias.

Em 2007 saiu a nova versão do FIAT 500. E aí sim, para mim foi amor à primeira vista.

Sempre que me perguntavam, tudo o que eu queria de presente era este carro, fosse aniversário, Natal, era indiferente. Queria este FIAT. Eram  as linhas, os interiores, os extras, todo o estilo retro, tudo era perfeito.  Era o modelo evoluído do carro da minha avó e da minha mãe mas com o meu ADN. Tinha o mesmo estilo e paixão dos seus antecessores, mas numa versão moderna, como eu.

O problema era que os meus pais não estavam com muita pressa de me ver na estrada. Lá me deixavam conduzir o Fiat 500 da minha mãe de vez em quando, ao fim-de-semana, o que acabava por dar sempre nas vistas (tanto que foi assim que conheci o meu namorado) mas não passava disso. Por graça, foi também nessa altura que herdei a alcunha da minha mãe de “Fiat”.

Com a reticência dos meus Pais e com a finalização da minha Licenciatura, eu estava decidida, tinha um plano: assim que arranjasse o meu primeiro emprego ia juntar dinheiro para comprar aquele FIAT 500.

Mas como "imprevisibilidade" já é algo comum na minha família, surpreenderam-me no dia em que me licenciei com o carro dos meus sonhos. O melhor presente de sempre. Nunca mais parei, nem nunca mais me pararam.

O meu FIAT 500 1.4 gasolina de 2008 branco tornou-se uma extensão da minha existência. Foram viagens diárias, quilómetros de estrada para festivais e convívios com amigos e sozinha, foram tantos os nasceres-do-dia e pores-do-sol, dias sem fim de viagens para todos os cantos e recantos do nosso país, sempre com um sorriso na cara.

A família vai crescer em breve e apercebemo-nos da necessidade de ter um carro maior. Decidimos então investir num novo veículo, com 5 portas mas que ao mesmo tempo fosse útil tanto para a cidade no dia-a-dia como também para viagens. Um carro que tivesse espaço, conforto e extras necessários para uma viagem completa, mantendo sempre os consumos de combustível em conta. A escolha foi a óbvia! Optámos por um FIAT 500 L 1.6 a gasóleo com 120 cavalos de 2018 (saiba mais aqui https://www.fiat.pt/fiat-500l), e assim mantivemos a tradição de família e amor a este modelo. O timing da aquisição também foi ótimo, pois a partir de 1 de setembro de 2018 os novos procedimentos e testes da WLTP às emissões de CO2 podem alterar e encarecer o valor de compra dos veículos (pode saber mais pormenores aqui https://www.fiat.pt/wltp). Na nossa simulação ainda poupámos um bom dinheiro porque compramos antes do início de setembro de 2018.

Para nós, FIAT 500 não é apenas uma moda ou uma paixão passageira, é sinónimo de amor e tradição, que passou de geração em geração.