A Semana da Moda de Paris está a ser um verdadeiro carrossel, já que várias casas de luxo decidiram virar a página, tendo nomeado novos diretores criativos. Da Dior à Chanel, passando pela Margiela, há toda uma nova leva de trabalho para conhecer, o que está a despertar entusiasmo em todos. Afinal, quando o guarda-roupa de uma marca muda, muda também parte da cultura pop que vive em cada desfile.
E foi precisamente no Jardim das Tulherias, em Paris, que a Dior, agora sob a batuta de Jonathan Anderson, mostrou a sua aposta mais ousada até agora. Com Luca Guadagnino e Stefano Baisi a transformarem o espaço num estúdio de cinema ao ar livre, o desfile reuniu uma constelação de estrelas na primeira fila, como Jennifer Lawrence, Charlize Theron, Carla Bruni, Brigitte Macron, Jenna Ortega e Sunday Rose Kidman Urban.
Espreite os looks
No que diz respeito às novidades, o designer britânico pegou nos ícones da casa e reimaginou-os. Para isto, muniu-se de artigos de sportwear, inspirações do século XVI, chapéus ao estilo pirata assinados por Stephen Jones e uma pitada de surrealismo que o tornou referência nos tempos em que assumia a direção criativa da Loewe.
A sua Dior é um diálogo entre passado e presente, na qual os códigos clássicos reaparecem, mas com outra energia. Por exemplo, os laços, que são uma das imagens de marca da maison, surgem em vestidos de renda leve, minissaias drapeadas e casacos estruturados; os míticos Bar Jackets encolheram e ganharam volumes esculturais; e as bolsas Dior Cigale tornaram-se o novo objeto de desejo.
Dos chapéus desconstruídos aos loafers com o “O” de Dior em destaque, passando por detalhes improváveis como folhos nos sapatos ou calças chino com camisas polo, houve espaço para tudo. A par disso, as modelos surgiram quase nuas de maquilhagem, com cabelos desalinhados, numa estética deliberadamente anti-perfeita que reforça a mensagem de que esta nova era não é sobre um luxo inantingível.
Ainda assim, nas redes sociais, as opiniões dividem-se, como seria de esperar. Há quem celebre o sopro de modernidade e veja nesta coleção o começo de uma era mais fresca e menos previsível para a maison. Outros, porém, consideram que Anderson foi longe demais, que o ADN clássico da Dior se diluiu no meio da sua irreverência.
No meio de todo o ruído, de uma coisa temos a certeza: Jonathan Anderson não passou despercebido. A sua estreia marcou um ponto de viragem e as peças, que agora lhe mostramos, comprovam-no.