A 9 de maio de 1386 formalizava-se a aliança diplomática mais antiga do mundo ainda em vigor: os ingleses, sob o reinado de Ricardo II, e os portugueses, sob o reinado de D. João I, assinavam o Tratado de Windsor em que se comprometiam a prestar auxílio sempre que fosse necessário.

É a relembrar esta antiquíssima promessa que o jornal britânico "The Telegraph" abre um artigo onde aponta 20 razões para os britânicos regressarem a Portugal assim que a pandemia acalmar. Mas claro: não sem antes destacar as "praias que rivalizam com as das Caraíbas", no entanto, geograficamente bem mais próximas.

Além disso, lembram que o Reino Unido foi, em 2019, o principal emissor de turistas para Portugal — representando 19,2% das estadias no país — e que foi num português que o primeiro-ministro britânico Boris Johnson encontrou apoio, quando esteve internado nos cuidados intensivos depois de ser infetado pela COVID-19.

Entre as razões há comida, desporto, história, passeios e, claro, uma luminosidade diferente.

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1. Pastel de Nata. O "Telegraph" diz que não há pastéis de nata como os de Portugal, sobretudo quando falamos da tradicional casa junto ao Mosteiro dos Jerónimos, os Pastéis de Belém.

2. Praias. São classificadas como as "melhores da Europa", sobretudo na região do Algarve e Alentejo, onde destacam como lugar de passagem obrigatória Odeceixe. Estoril, Cascais e Douro também não passam despercebidos.

3. O vinho. Dizem que é um dos segredos mais bem guardados de Portugal, até porque, como referem, no infinito número de produtores de vinho, o volume da produção é baixa, o que significa que o mundo não tem a oportunidade de conhecer os tesouros das vinhas portuguesas — do Douro ao Alentejo.

4. Azulejos. Os portugueses já nem os veem, tal é o hábito, mas a realidade é que este é um traço característico das fachadas de Lisboa, Porto e Algarve. Ladrilhos e a tijoleira algarvia de Santa Catarina descritos como "tesouro".

5. Surf. A Nazaré com as suas ondas monumentais da praia do Norte são uma espécie de Meca para a comunidade de surfistas. Mesmo ali ao lado, está Peniche, outros dos destinos mais aptos à prática do surf.

6. Mercados. Fala-se em qualidade "soberba" e de preços simpáticos. Destacam-se o mercado de peixe em Olhão, no Algarve, e o agrícola de Estremoz. Em Lisboa, fala-se no Mercado Time Out, que, aqui entre nós, para os lisboetas é mais para o turista do que para o residente, mas que, pronto, fica naquele edifício maravilhoso do século XIX.

7. Sabonetes. Aqui o destaque vai para as lojas Claus Porto e Benamor 1925, com as suas embalagens originais.

8. Café. Quantas vezes foi ao estrangeiro e sentiu falta de uma dose de cafeína bem apresentada? Exato. É outro dos motivos apontado pelo jornal inglês, que diz que o café português é "bom em todo o lado", sem esquecer que é também variado. Entre a bica, o abatanado ou o pingado, há todo um leque de novas possibilidades para quem vem de fora.

9. Igrejas. A de São Francisco no Porto, a de São Roque, em Lisboa, a de São Lourenço, em Almancil foram as igrejas destacadas pelo "Telegraph".

10. Luz. Não há luz como a nossa, até nós estamos cientes disso. Agora imagina a sensação para quem está habituado a um céu quase sempre cinzento. Exato.

11. Azeite. O azeite do Douro e alentejano são os preferidos e fazem toda a diferença nas saladas, que quase mereciam um ponto de destaque próprio. É que, segundo o jornal britânico, "uma vez provada, é inesquecível."

12. Herança. Isto é sobre história e cultura. Além da "melodia assombrosa" do Fado, os ingleses aqui destacam a famosa epopeia de Luís Vaz de Camões, "Os Lusíadas" e o caminho marítimo para a Índia.

13. Artesanato. A cortiça, o vime, a rendas, bordados e as jóias em filigrana. A cerâmica do Redondo ou as lãs de Monsaraz, onde estão também as esculturas em mármore cor de rosa.

14. Trilhos para fazer a pé. O "Telegraph" destaca o trilho pedestre da famosa Rota Vicentina, com mais de 200 quilómetros. Depois, há o dos Sete Vale Suspensos, em Lagos,  que, apenas com seis quilómetros, foi considerado um dos mais belos da Europa. Ah, e claro, impossível ignorar os trilhos das Aldeias do Xisto.

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15. Vinho do Porto. Não podia ficar de fora. O destaque vai para as famosas caves do Porto e de Vila Nova de Gaia.

16. Queijo. Para os ingleses, o Queijo da Serra e de Azeitão são aqueles que todos têm de provar.

17. O nascer das flores. Comece a estar mais atento às flores rosa das amendoeiras, às buganvílias do verão, aos frutos do outono que nos trazem o medronho ou às árvores de folhas vermelhas do inverno. Os ingleses gostam.

18. Gastronomia. Já se falou de muita comida e bebida, mas se fosse para enumerar todas as delicias gastronómicas portuguesas a lista teria de ser bem mais longa. Neste ponto geral, as figuras centrais são o bacalhau, o arroz de polvo e as amêijoas à Bulhão Pato.

19. Festivais. Não estamos a falar dos Alives ou Sudoestes da vida, mas sim da festa mais portuguesa de todas — os Santos Populares, obviamente, que enchem de sardinhas, bifanas, música e gentes as ruas de Lisboa e do Porto.

20. Golfe. Nós não ligamos tanto, mas eles adoram. Faz sentido: já várias vezes fomos considerados o melhor destino do mundo para a prática deste desporto.