Esta terça-feira, 2 de julho, só há um nome nas manchetes, títulos, posts e comentários nas redes sociais: Diogo Costa. O guarda-redes de 24 anos, nascido na Suiça, foi o herói de Portugal esta segunda-feira, 1 de julho, ao defender três penáltis no jogo frente à Eslovénia.

Não só o sangue-frio do guardião das redes da Seleção Nacional garantiu a passagem aos quartos de final do Euro 2024, como também o colocou para sempre nos livros sobre a história do futebol. Diogo Costa torna-se o primeiro guarda-redes da competição de seleções a defender três penáltis consecutivos. O jornal norte-americano "The New York Times", no título do perfil do português, revela os segredos deste feito: "paciência, explosão e seguir o instinto".

No banco, agora como treinador nacional de guarda-redes, outro nome maior do futebol deve ter sorrido perante o desempenho glorioso do jovem Diogo Costa: Ricardo. O ex-futebolista de 48 anos, que agora integra a equipa de Roberto Martínez, terá certamente recordado, ao ver o jovem guardião, aquela noite de 24 de junho de 2004 quando, após o tempo regulamentar e o prolongamento, foi decisivo para que Portugal deixasse para trás a Inglaterra e seguisse rumo às meias finais do Euro 2004.

Rebobinemos a fita (ou, para a geração Z, puxemos para trás) e recordemos o filme desse jogo. No final dos 90 minutos, Portugal e Inglaterra estavam empatados a uma bola. No prolongamento, marca Rui Costa e, depois, Frank Lampard. Terminados os 120 minutos, segue-se a ronda de cinco penáltis para cada equipa. As duas equipas marcam os primeiros quatro e, ao quinto de Inglaterra, é Vassell que é chamado a marcar. E é neste momento que Ricardo faz o improvável. Tira as luvas, acessório fundamental dos guarda-redes. E defende.

O gesto apanha toda a gente de surpresa. E o que se seguiu foi também surpreendente. Na fase do 'mata-mata', em que o golo seguinte decidiria a passagem às meias finais, quem ficou com o peso dessa tarefa foi precisamente Ricardo. A bola rolou até ao fundo das redes de David James... e o resto é História. Ou, se quisermos ser irónicos - ou masoquistas - uma tragédia grega.

Em 2020, o antigo guarda-redes da Seleção Nacional explicou ao Canal 11 este momento. "O Vassell era o único jogador inglês que nunca tinha marcado uma penalidade na vida. Nós tínhamos escalpelizado muito, visto muitos vídeos. Eu fiz esse trabalho de estudar a linguagem corporal de todos os batedores, os maus usuais e os menos usuais. Resumindo, ele nunca tinha marcado nenhum pénalti", começa por explicar.

Ricardo recorda que o relvado do estádio da Luz tinha ficado maltratado após um dos penáltis, assinalado por David Beckham. "Quando veio o Vassell, eu olhei para ele, 'este gajo nunca marcou nenhum pénalti, agora o que é que eu faço, para me motivar a mim e fazer alguma coisa para mexer comigo e com ele também'. Olhei para as mãos e, olha, vai sem luvas. Agarrei nas luvas, meti-as no chão. O fiscal de linha ficou admirado e vou para a baliza. Foi aí que eu ganhei força extra porque sabia que estava a provocar algum efeito no adversário", explica o antigo guarda-redes da Seleção Nacional ao Canal 11.

Recorde os dois momentos