Os motores estão a aquecer no centro de imprensa na cidade italiana de Turim. A MAGG tem acompanhado todas as movimentações do maior festival de música europeu. Assistimos a todos os ensaios, vimos todas as conferências de imprensa, acompanhámos todos os concertos.
A poucas horas do grande evento, passamos revista às 25 canções a concurso. Cada canção será avaliada numa escala de 0 a 10 — de acordo com a nossa opinião, claro está. E sim, Portugal é um dos favoritos.
Espreite o nosso ranking.
1. República Checa – We Are Domi – “Lights Off” (6.5/10)
A abertura perfeita para o espetáculo desta noite. Uma canção cheia de energia, uma batida eletrónica forte e uma vocalista carismática. “Lights Off” não brava caminhos desconhecidos. É uma fórmula bem conhecida por todos, por isso não será difícil que, logo à noite, esteja a cantarolar o refrão.
2. Roménia – WRS – “Llámame” (4/10)
"Hola mi bébébé. Hola mi bébébé". Se não sabe do que estamos a falar, pelas 20h desta noite, irá saber. A Eurovisão traz sempre uma ou duas latinadas, mas uma vinda do leste europeu é de levantar a sobrancelha. Uma canção que irá colocar toda a gente a dançar, mas que não deixa de ser datada e, a nosso ver, um pouco pirosa.
3. Portugal – MARO – “saudade, saudade” (9/10)
Que bonito momento de televisão assistimos na semifinal. E que momento iremos assistir na final. MARO consegue transportar qualquer um para uma dimensão paralela. A atuação é uma das que transcende fronteiras. O bom gosto reina visualmente e vocalmente, todo o grupo está perfeito. Uma digna representante do nosso país.
4. Finlândia – The Rasmus – “Jezebel” (6/10)
Como se nota a experiência que a banda finlandesa tem em palco. Com anos e anos de carreira, que contam com o hit internacional “In the Shadows", The Rasmus apresentam-se ao festival com uma canção rock bem ao seu estilo. Uma atuação feita a pensar num concerto em arena, mas que não resulta tão bem em televisão. Não envergonha ninguém, mas também não iráter um destaque maior.
5. Suíça – Marius Bear – “Boys do Cry” (5.5/10)
Uma das surpresas na semifinal. A Suíça, que tinha uma das canções menos cotadas à partida para o concurso, consegue o apuramento para a final. Uma balada bem emocional, com rasgos de estilo Disney e uma voz muito característica. A encenação tem dedo de uma profissional sueca, conseguindo algo incrível. Transformar uma canção banal em algo interessante.
6. França – Alvan & Ahez – Fullen (6.5/10)
Fogo. As portas para o inferno musical francês estão oficialmente abertas. Que proposta interessante. Alvan & Ahez cantam em bretão, e não em francês. O vestuário ajuda a criar um ambiente meio medieval. A mistura de elementos da música eletrónica e este dialeto pouco comum fazem desta candidatura uma perfeita mistura entre o passado e presente.
7. Noruega – Subwoofer – “Give That Wolf a Banana” (7/10)
Porque a Eurovisão também é feita de canções e candidaturas divertidas, a Noruega é representada por dois lobos amarelos obcecados por bananas. Sim, ouviu bem. E o pior é que se no papel parece uma ideia absurda, quando vir a atuação na televisão não vai conseguir parar de bater o pé no chão. É inevitável.
8. Arménia – Rosa Linn – “Snap” (6/10)
É muito perceptível quando uma cantora escreve a sua própria canção. Existe um elemento de verdade que translada os ecrãs e toca quem está a assistir. É isso que Rosa Linn fez na semifinal da Eurovisão e está pronta para fazer na final. “Snap” é uma canção bonita, mas banal, e as semelhanças ao estilo de Taylor Swift são inevitáveis. O prémio para a Arménia foi mesmo a passagem à final.
9. Itália – Mahmood & Blanco – “Brividi” (9.5/10)
Cuidado com os italianos. Ganharam o ano passado e apresentam-se como grandes candidatos este ano também. Mahmood regressa ao palco da Eurovisão, depois da sua passagem pelo concurso em 2019. É acompanhado por Blanco, numa intensa balada bem ao estilo italiano. Harmonias, falsetes, um instrumental fantástico. Há de tudo. Três minutos de magia.
10. Espanha – Chanel – “SloMo” (10/10)
Digno de um intervalo do Super Bowl. Muitos dirão que Chanel é uma cópia de Jennifer Lopez, mas a verdade é que a representante espanhola canta e dança melhor. Considerando todos os fatores que fazem uma performance, a Espanha traz-nos três minutos de serviço público e amen a isso.
11. Países Baixos – S10 – “De Diepte” (6.5/10)
Que refrescante é ver países a cantar na sua língua nativa. O holandês não é propriamente uma língua romântica ou muito bonita, mas S10 consegue fazer o que poucas canções conseguem este ano: emocionar. Sem grandes adereços e floreados. Uma cantora, um palco, um microfone e uma bonita balada.
12. Ucrânia – Kalush Orchestra – “Stefania” (7.5/10)
O mundo está de olhos postos no que se avizinha ser um dos momentos da noite. O grupo Kalush Orchestra traz-nos três minutos de tradicionalismo ucraniano mesclado com rap e hip-hop, numa altura em que o seu país está em guerra. Embaixadores de luxo, são favoritos à vitória.
13. Alemanha – Malik Harris – “Rockstars” (5/10)
A Alemanha apresenta-se mais uma vez na Eurovisão com uma canção que não aquece nem arrefece. Um pop banal que poderíamos perfeitamente ouvir numa lista de Spotify ,mas que não nos lembraríamos depois do fim da canção. Malik Harris é carismático, mas o tema não tem força suficiente para competir ao mais alto nível.
14. Lituânia – Monika Liu – “Sentimentai” (5.5/10)
Classe. Não há outra palavra para descrever a atuação de Monika Liu. Aliás, o que faz esta performance é mesmo a cantora, porque a canção não é nada de especial. Monika é uma força da natureza em palco. Comanda o gigante PalaOlipimpico completamente sozinha em palco.
15. Azerbaijão – Nadir Rustamli – “Fade to Black” (6.5/10)
Países como o Azerbaijão sabem trabalhar a marca Eurovisão. “Fade to Black” é mais um exemplo disso. Uma balada composta por suecos, mas com toques instrumentais bem ao estilo azeri. Uma performance em palco memorável. Peca pela falta de autenticidade, mas o espectador casual não dará conta disso.
16. Bélgica – Jérémie Makiese – “Miss You” (5.5/10)
Muitos fãs da Eurovisão não percebem como esta canção chegou até à final. A encenação relativamente minimalista para uma canção pop/r&b foi abertamente criticado por muitos, mas a verdade é que “Miss You” é uma das canções melhor produzidas este ano. Jérémie traz a necessária diversidade a esta final.
17. Grécia – Amanda Tenfjord – “Die Together” (8/10)
Após os ensaios e a sua semifinal, a Grécia apresenta-se como uma das favoritas dos fãs da Eurovisão. Uma apresentação em palco como só os gregos sabem fazer. Desde evocação aos deuses gregos com o vestido que Amanda usa ao estratégico jogo de luzes em branco e azul, cores da bandeira grega. Uma aposta muito forte.
18. Islândia – Systur – “ Með Hækkandi Sól” (5.5/10)
E de uma performance apoteótica por parte da Grécia, damos um salto até à Islândia para três minutos de introspecção. Uma balada muito bonita, que tal como Portugal, funciona pelas suas harmonias e pelo ambiente especial que cria. As Systur marcaram o evento deste ano, estando sempre acompanhadas de uma bandeira da comunidade transgénero.
19. Moldávia – Zdob si Zdub & Advahov Brothers – “ Trenulețul” (5.5/10)
Uma canção que passou completamente despercebida, chegou à sua semifinal e arrasou por completo. Em Portugal, mais rapidamente ouviríamos a canção da Moldávia nas festas da aldeia, mas no contexto do leste europeu, canções como esta fazem parte da sua identidade musical. Atenção, que poderá surpreender no voto do público.
20. Suécia – Cornelia Jakobs – “Hold Me Closer” (8.5/10)
Cornelia Jakobs é também uma das grandes favoritas à vitória. Uma grande produção sueca que combina os melhores elementos da pop nórdica, uma cantora carismática e uma canção que irá apelar não só o público votante como o júri profissional. A Suécia nunca brinca na Eurovisão. Luta sempre pela vitória.
21. Austrália – Sheldon Riley – “Not the Same” (7/10)
Uma ode à diferença, com uma poderosa balada. É o que a Austrália traz este ano à Eurovisão. Dramático, teatral e um grande vocalista. Sheldon Riley atravessou meio mundo para trazer a sua voz até à Europa e é incrível.
22. Reino Unido – Sam Ryder – “Spaceman” (8/10)
Depois de devastadores resultados nas últimas duas décadas, o Reino Unido apresenta-se à Eurovisão 2022 com a sua melhor proposta de sempre. Sério candidato à vitoria. Sam Ryder, estrela viral na plataforma TikTok, é um vocalista poderoso. A canção está produzida ao máximo e o investimento na encenação é digna de confettis de vencedor no final do espetáculo.
23. Polónia – Ochaman – “River” (6.5/10)
Uma canção e encenação muito calculada por parte da Polónia. Ochman é um vocalista de outro planeta, mas toda a atuação parece fria, distante e sem personalidade. “River” é uma canção suficientemente boa para ter um ótimo resultado, mas peca pelo restante.
24. Sérvia – Konstrakta – “In Corpore Sano” (7.5/10)
Se a voz do cantor polaco irá levar os espectadores a outro planeta, a canção da Sérvia vai levar quem vir o espetáculo a outra dimensão. Konstrakta e o seu “In Corpore Sano” são hipnotizantes.
25. Estónia – Stefan – “Hope” (6/10)
A Estónia fecha o desfile de canções este ano. “Hope” é uma canção de inspiração pop e country que irá levantar os espíritos de quem vê de casa, após a intensidade da Sérvia. Competente, mas não competitiva. Uma boa adição à diversidade de estilos musicais nesta final.
Portugal será o terceiro país a subir ao palco da final da Eurovisão 2022, dia 14 de maio, pelas 20h na RTP 1. “saudade, saudade” alcançou um dos lugares de finalista na semifinal do passado dia 10 de maio. 25 canções irão fazer parte do cartaz, mas apenas uma irá levar o trofeu de cristal para o seu país.