Pense no centro comercial onde costuma ir. Já reparou que, muito provavelmente, nenhum deles tem janelas viradas para a rua? Independentemente da dimensão, dos pisos ou da localização, estas superfícies gigantes são sempre projetadas pelos arquitetos precisamente sem grande iluminação exterior, deixando isso, apenas, para o teto (e só em alguns casos). Isso acontece de forma propositada e existem várias justificações.
Antes de existirem shoppings, as pessoas faziam as compras nas lojas de rua, que tinham janelas grandes e acolhedoras. Em 1956, foi inaugurado, nos Estados Unidos da América, o primeiro centro comercial totalmente fechado, o Southdale Center, em Minneapolis.
A partir daqui, a forma de comprar mudou. E muitos aspetos explicam esta decisão, sendo o principal deles o facto de, sem janelas, os consumidores perdem a noção do tempo. Acabam por passar mais tempo no centro comercial e, assim, gastam mais dinheiro.
"Quando as pessoas têm uma sensação de atemporalidade e conforto, as famílias gastam mais porque podem concentrar-se apenas nas lojas e na experiência do centro comercial", argumenta o especialista em venda a retalho Burt Flickinger, citado pela "CNN Brasil".
"Sem janelas, os compradores não conseguem ver uma potencial tempestade com ventania. É um ambiente de consumo sem distrações", continua. Além disso, quanto menos janelas, mais paredes as lojas têm onde possam meter prateleiras e expor mais coisas para venda. Resultado: temos mais que comprar, gastamos mais dinheiro.
É ainda importante referir a questão da redução de custos. É mais caro construir janelas do que paredes. Além disso, as janelas podem danificar a mercadoria devido à exposição solar. Assim, não se correm riscos. Se pensar bem, os supermercados também não têm janelas — porque seguem a mesma lógica.
A falta de janelas torna o ambiente mais seguro, pois protege-o de possíveis intrusos. Sem janelas, não há lembretes do dia que é, da hora, do tempo que se faz sentir, fazendo com que as pessoas percam a noção e não tenham distrações das compras. É como se existisse um mundo àparte, compara o jornal "AS".