As crises têm tanto de mau como de surpreendente, e a capacidade de os portugueses se reinventarem já não é surpresa. E uma das empresas a mostrar essa capacidade de dar a volta é a I Go Travel, uma empresa de apoio e consultoria a viagens e eventos, que além de se confrontar com as necessidades de uma sociedade a precisar de mais proteção, não quis parar de trabalhar numa altura em que os aviões estavam em terra e muitas viagens foram canceladas.
Andreia Augusto, fundadora da I Go Travel decidiu converter o material de bolsas de documentação em máscaras solidárias. "Consciente de que as viagens iriam parar nos próximos meses, entendi no imediato que o tecido/material 100% algodão e feito em Portugal iria servir para ajudar parte de um nicho de pessoas que estavam a precisar", conta à MAGG.
Foi então que os tecidos onde antes se guardavam documentos para realizar os sonhos dos viajantes, passaram a ser máscaras cujas ilustrações, alusivas às viagens, não permitem esquecer que quando as restrições acabarem, o prazer de voar vai continuar. A transformação das bolsas para máscaras foi feita em conjunto com a Fiappo, marca portuguesa e de fabrico sustentável.
Mas afinal, o que significa isto de serem sustentáveis? O tecido original é feito com materiais produzidos em Portugal, o que já ajuda a diminuir a pegada de carbono, mas todo o processo torna estas máscaras solidárias mais sustentáveis: "Foi tudo reaproveitado e feito manualmente", refere a Ceo da I Go Travel, acrescentando que as máscaras são laváveis e reutilizáveis, incluindo ainda um filtro para seguir as instruções da DGS.
Máscaras para ajudar quem mais precisa
Depois de planeado este D.I.Y em modo profissional, estava na altura de decidir para quem, entre as várias entidades que poderiam precisar de um reforço de material, iria beneficiar da iniciativa solidárias.
Decidiram oferecer máscaras à Associação Portuguesa dos Tripulantes de Cabine (APTCA), por saber que estavam em falta e por transportarem 80% dos clientes da empresa. Mas distribuiram também por outras instituições, como é o caso da ERPI O Bom Samaritano (um lar pertencente à IPSS Monte Horebe) que, naturalmente, lida com um dos grupos mais vulneráveis à COVID-19
Para além da associação e do lar, também a Junta de freguesia de Arroios e a Associação de solidariedade social de Espadanedo receberam as máscaras solidárias.
No entanto, a procura não ficou pelas instituições. É que numa altura em que todos precisamos de máscaras e a corrida aos padrões mais originais está em marcha, vários foram os clientes que pediram uma "bolsa de documentação" em forma de máscara.
"Oferecemos as que tínhamos com todo o gosto", refere a Ceo Andreia Augusto. "Não queremos ter qualquer tipo de lucro com esta acção. O nosso objectivo foi exclusivamente reutilizar para ajudar. Podemos eventualmente produzir mais e vender mas com o objectivo de dar o lucro a quem precisar", esclarece Andreia Augusto, Ceo & Founder da I Go Travel.