Duas das três filhas de Fernando Silva, 33 anos, o único suspeito do triplo homicídio ocorrido esta quarta-feira, 2 de outubro, em Lisboa, terão visto o pai a matar o casal que estava à porta da barbearia Granda Pente, na Penha de França. As meninas, que ainda não terão idade para frequentar o primeiro ciclo, estavam na rua e muito perto do local do crime quando Fernando abateu a tiro primeiro o barbeiro Carlos Pina e depois um casal que estaria a entrar na barbearia naquele momento. A mulher deste casal estava inclusive grávida, e, de acordo com o "Correio da Manhã", teria ainda o teste de gravidez no bolso no momento em que foi morta.

Ainda de acordo com o jornal, Fernando, que continua fugido, terá um sinal que poderá permitir facilmente a sua identificação: ele é bastante coxo. O homem, que já tem antecedentes criminais, terá ficado com uma deficiência numa perna depois de noutra situação de violência ter sido obrigado a saltar de um terceiro andar, o que o deixou ferido numa perna. E nunca mais conseguiu recuperar.

O que se passou na Penha de França

Foi um dos crimes mais violentos e marcantes deste ano de 2024 em Portugal. Na tarde de quarta-feira, 2 de outubro, Fernando Silva, de 33 anos, baleou na cabeça o barbeiro Carlos Pina, 43 anos, e duas outras pessoas que estavam naquele momento na barbearia Granda Pente, na Penha de França, em Lisboa. Os motivos parecem ter sido os mais fúteis: o barbeiro não se mostrou disponível para cortar o cabelo ao homem, que respondeu a tiro. Os três baleados acabaram por morrer. As duas vítimas que estavam no local eram um casal eram um casal, Bruno Neto e Fernanda Júlia, sendo que a mulher estava grávida. O barbeiro deixou cinco filhos e o casal — ambos brasileiros — deixou um filho cada um, de relacionamentos anteriores.

Após o crime, o único suspeito do crime ainda terá tentado balear mais uma pessoa na ruamas a arma terá encravado. De acordo com várias testemunhas, Fernando Silva terá decorrido até junto de uma zona onde estariam alguns familiares, onde terá recebido um maço de notas em dinheiro e transportado, depois, num jipe verde, rua abaixo, até junto à zona de Santa Apolónia. No veículo seguiam, de acordo com a investigação, o pai e um meio-irmão de Fernando Silva, todos de etnia cigana. Continuam, na manhã desta sexta-feira, 4 de outubro, a monte e está em curso uma caça ao homem para os capturar.

Fernando sofria de psicoses

O único suspeito do crime vivia no prédio da barbearia, num primeiro andar, e o pai vivia no terceiro. Fernando Silva sofreria, de acordo com o jornal "Expresso", de transtornos psicóticos e era seguido, por isso, no Hospital Júlio de Matos, especializado em doenças mentais. Refere ainda o semanário que chega às bancas esta sexta-feira que o suspeito do crime "tem indicação para tomar medicação antipsicótica".

Recorde-se ainda que Fernando Silva tem já cadastro criminal e estaria ligado a crimes relacionados com droga. A gravidade deste triplo-homicídio leva a que, caso seja condenado, arrisque a uma pena máxima de 25 anos de prisão. Só que o facto de sofrer de distúrbios mentais poderá ser uma das armas da defesa, caso venha a ser capturado e julgado. É que poderá ficar comprovado que Fernando Silva sofre de perturbações mentais, não estava medicado, e, por isso, poderá ser considerado inimputável, ou seja, não responsável pelos seus atos. Este tipo de argumentação já foi usado variadíssimas vezes no sistema judicial português, inclusive naquele que é ainda o maior caso de um mass-murderer português, Vítor Jorge, que em 1986 assassinou sete pessoas na Praia do Osso da Baleia, na zona da Marinha Grande. Num julgamento altamente mediático e polémico, a defesa do arguido argumentou que este seria inimputável, por ser doente esquizofrénico, mas a tese acabou por não ser aceite pelo juiz nem pelos jurados, e Vítor Jorge acabou condenado a 20 anos de prisão.

Veremos como será neste caso.