Cabo Delgado tem sido alvo de alegados massacres perpetrados por elementos "jihadistas" e relatados, nos últimos dias, por vários órgãos de comunicação moçambicanos, portugueses e internacionais.

Desde 2017 que o norte de Moçambique sofre de ataques armados levados a cabo por forças classificadas como terroristas. "A situação é bastante grave, os ataques continuam e estão a intensificar-se", descreveu o bispo da diocese de Pemba, na província de Cabo Delgado, ao "Jornal de Notícias"  após esta terça-feira, 10 de novembro, a polícia moçambicana anunciar que mais de 50 pessoas foram sequestradas e decapitadas num campo de futebol.

Esta quarta-feira, 11 de novembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) disponibilizou-se a ajudar Moçambique na investigação, mas avisou que  a "responsabilidade de proteger os seus cidadãos" cabe a Maputo.  O secretário-geral da ONU, António Guterres, mostrou-se "chocado" com os relatos recentes "de massacres perpetrados por grupos armados não estatais em várias aldeias na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, incluindo a decapitação e rapto de mulheres e crianças".

Em resposta à agência "Lusa", citada pelo "Observador", Stéphane Dujarric, porta-voz de António Guterres, afirmou que a ONU está "sempre pronta a ajudar, se for solicitado",  acrescentando que a iniciativa de investigação e o pedido de ajuda tem de partir sempre do Governo de Moçambique.

"É responsabilidade das autoridades nacionais investigar o incidente. Elas têm as principais responsabilidades, tal como a responsabilidade de proteger os seus cidadãos, como qualquer Estado-membro", disse a porta-voz de António Guterres durante uma conferência de imprensa em Nova Iorque.

Segundo Stephane Dujarric, a ONU tem "informações de fontes no terreno" e  a equipa em Moçambique está "muito atenta à situação" dos ataques na  província de Cabo Delgado. Contudo, ainda não há dados concretos sobre vítimas, mas, de acordo com relatórios de campo do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, os múltiplos ataques que ocorreram durante as últimas semanas deixaram dezenas de pessoas mortas e forçaram centenas a abandonar e fugir das suas casas.