Shariya Small, uma adolescente de 14 anos que deu à luz trigémeos prematuros, encontrou um apoio na enfermeira que a ajudou no hospital. A jovem, que deu entrada no Community Hospital North em agosto de 2020, em Indianápolis, EUA, para dar à luz duas meninas e um menino, passou os cinco meses seguintes ao parto na unidade de saúde devido ao nascimento prematuro de Serenitee, Samari e Sarayah, às 26 semanas. Katrina Mullen, a enfermeira presente, foi o pilar da jovem de 14 anos durante esse período, e tornou-se muito mais do que isso com o passar do tempo.

“Ela ficava ali sozinha durante dias sentada à cabeceira”, disse Mullen, de 45 anos, ao “Today”. Durante o tempo que passaram nos cuidados intensivos, a enfermeira reparou que a jovem visitava os seus bebés sozinha, não parecendo ter um grande sistema de apoio. No entanto, nunca perguntou a Shariya, que na altura frequentava o 8.º ano, o porquê, limitando-se a aparecer quando a jovem precisava dela. 

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Na altura, as duas criaram uma relação. Para conseguir perceber como era o sistema de apoio de Shariya, Katrina Mullen começou a conversar mais com a jovem, e, para ganhar a sua confiança, confessou-lhe que também tinha sido mãe na sua adolescência, aos 16 anos. “Estou muito familiarizada com o quão assustador é estar grávida numa idade tão jovem”, disse. “Algo mudou depois de eu lhe contar. Foi quando realmente desenvolvemos uma certa confiança uma com a outra”, acrescentou.

Em janeiro de 2021, quando os três bebés já se mostravam suficientemente fortes para abandonar o hospital, as duas trocaram números de telemóvel e Shariya ligava várias vezes à enfermeira a chorar, sem saber o que fazer. “Eu ajudava-a quando ela começava a chorar e a ficar sobrecarregada. Eu não conseguia resolver nada [através do telemóvel], mas ouvia-a sempre e dizia-lhe que ia conseguia fazer tudo”, disse Mullen ao mesmo meio de comunicação. “Mas eu estava a começar a ficar bastante preocupada com o sistema de apoio que ela tinha. Não conseguia perceber porque é que ela me ligava tantas vezes."

Um dia, Katrina Mullen decidiu visitar a jovem, em Kokomo, Indiana, mas assim que chegou ficou espantada com o que viu. “Ela estava a dormir no sofá”, contou a enfermeira ao “Today”, acrescentando que os bebés dormiam os três apertados numa espécie de parque infantil. No entanto, aquilo que mais a alarmou foi o estado de Samari, o filho de Shariya, que não parecia estar bem de saúde. “Ele estava bastante magro e com eczema”, explicou, ao que a adolescente respondeu que um médico lhe tinha mudado a marca do leite adaptado.

Samari foi admitido no hospital mais próximo, onde lhe disseram que o bebé não estava a ganhar peso como desejado, concluindo que o menino era alérgico ao leite de fórmula que bebia. Para piorar a situação, a adolescente de 14 anos recebeu uma chamada de uma assistente social dos Serviços de Proteção para Menores, que a informou que iria retirar os três filhos de casa, colocando-os no sistema de acolhimento. Na altura, a assistente social disse a Katrina que Shariya tinha pedido para ficar com ela, e a enfermeira não hesitou em acolher os quatro menores (mãe e filhos).

“Sabia que ia ser impossível encontrar uma casa de acolhimento que ficasse com os quatro. Ninguém iria querer uma mãe de 14 anos e os seus trigémeos”, contou Katrina. “Eu sabia que Shariya era inteligente e resiliente e que apenas precisava de um lugar seguro para começar a criar as suas raízes. Sabia que ia ser difícil, mas nós organizámo-nos."

A enfermeira teve de completar alguns cursos e verificações para se tornar mãe de acolhimento e, a 9 de abril de 2021, Shariya e os seus três filhos mudaram-se para casa de Katrina, mãe solteira que já tinha cinco filhos em casa: Sevonté, de 23 anos, Shai, de 22, SeQuayvion, de 16, ShaKovon, de 14, e JJ, de 7. 

Assim que Shariya se mudou para casa de Mullen, matriculou-se numa escola secundária com cuidados infantis, tendo acabado os estudos em junho desse ano. Depois, matriculou-se na faculdade para estudar Serviço Social, com o objetivo de ajudar outras mães adolescentes. “Quero fazer algo que ajude as pessoas”, disse a adolescente, citada pelo jornal “Público”. Agora, com 17 anos, Shariya já consegue gerir as suas emoções, pedindo ajuda a Katrina só quando é realmente necessário. “Ela está no comando. Eu apenas fico com eles quando ela quer ir sair com os amigos”, disse a enfermeira.

“Estou muito orgulhosa de ser a mãe dela. A Shariya consegue surpreender-me todos os dias”, contou. “Quando está frustrada com os bebés, nunca sobe o tom de voz. Ela está a transformar-se numa mulher incrível”, disse. Serenitee, Samari and Sarayah, agora com quase 3 anos, já sabem contar até 20 e estão a “aprender novas palavras” todos os dias em inglês e espanhol. Os trigémeos chamam Katrina, que é, oficialmente, avó dos bebés, de “Lala”.