A “vila Shein”, no bairro de Panyu, em Guangdong, na China, conta com várias fábricas que produzem artigos durante horas e horas para a empresa de fast fashion Shein.
A maior parte dos funcionários trabalha 75 horas por semana e tem uma folga por mês, revelou a reportagem da BBC. “Normalmente trabalhamos 10, 11 ou 12 horas por dia. Aos domingos trabalhamos menos cerca de três horas”, disse uma mulher de 49 anos, que não quis ser identificada. “Se houver 31 dias num mês, trabalharei 31 dias”, disse outro trabalhador.
O horário de trabalho padrão é das 8h até depois das 22h, e há funcionários que chegam a trabalhar até à meia-noite para conseguirem ganhar mais dinheiro, contou um dono de uma fábrica. Segundo as leis laborais chinesas, a média de horas de trabalho não deve exceder as 44 horas semanais, sendo que, em Panyu, chega às 75 horas.
No que diz respeito aos pagamentos, estes são feitos “à peça”. “Ganhamos tão pouco. O custo de vida agora é tão alto. Somos pagos por peça e depende de quão difícil é o artigo. Algo simples como uma t-shirt custa um ou dois yuans [menos de um dólar] por peça e posso fazer cerca de uma dúzia numa hora”, contou uma das funcionárias à BBC.
Muitos dos trabalhadores almoçam e jantam em menos de uma hora, e, se não tiverem espaço na cantina, comem na rua. Apesar das longas horas de trabalho e dos baixos salários, para alguns, a Shein é motivo de orgulho. “Esta é a contribuição que nós, chineses, podemos dar ao mundo”, disse uma supervisora de 33 anos.
Por outro lado, a Shein, em declarações enviadas à MAGG, reforça que "cumpre as leis e os regulamentos em cada mercado em que opera" e que "está empenhada em garantir o tratamento justo e digno de todos os trabalhadores", ao "investir dezenas de milhões de dólares no reforço das áreas de governance and compliance".
"Esforçamo-nos por estabelecer os mais elevados padrões de remuneração e exigimos que todos os nossos parceiros adiram ao nosso código de conduta. Além disso, a Shein trabalha com auditores para garantir a conformidade", pode ler-se no comunicado.
A empresa começou, em 2011, por ser a SheInside, uma loja online de vestidos de noiva. Dois anos depois, o fundador da marca, Chris Xu, revelou que “a empresa cresceu rapidamente” e já contava com mais de 50 funcionários. Em 2015, a SheInside passou a chamar-se Shein e abriu um escritório nos Estados Unidos. Contratou vários jovens recém-formados com o objetivo de identificarem designs populares na internet. Xu formou uma equipa interna de designers e adquiriu a plataforma concorrente Romwe, revelou o “The Guardian”.
Atualmente, emprega milhares de funcionários e exporta para 150 países. De acordo com a Reuters, em 2021, a empresa lucrou cerca de 100 mil milhões de yuans (aproximadamente 13,35 mil milhões de euros). Apesar da fama e do sucesso da plataforma online que vende artigos a preços muito competitivos, a mesma é o centro de muitas polémicas, não só por causa de designs copiados de outras marcas como também devido à exploração dos funcionários que trabalham nas fábricas na China.