Nicola Bulley, de 45 anos, desapareceu no dia 27 de janeiro, enquanto passeava o seu cão. Este foi o último dia em que a mulher foi vista, depois de ter deixado as duas filhas, de seis e nove anos, na escola. O cão, Willow, e o telemóvel, ainda ligado, foram encontrados perto da última localização conhecida da mulher, um parque à beira do rio Wyre em Lancashire, Inglaterra.
As buscas iniciaram-se, e uma semana após o desaparecimento, a polícia rejeitou a possibilidade de suspeitas do envolvimento de terceiros no caso. Foi, assim, criada a hipótese de Nicola ter caído ao rio, onde já se tinham realizado buscas por um potencial corpo, escreve o "The New York Times".
Com o passar dos dias, o caso foi gerando muita discussão pelas redes sociais, e deu azo a várias especulações que, de acordo com a polícia, foram "tanto inúteis para a investigação como, de forma mais importante, dolorosas para a família".
As autoridades encarregaram-se de falar com várias testemunhas, revistaram o telemóvel de Nicola, vasculharam uma casa em ruínas, e ainda vários carros vazios perto do local do desaparecimento. Para além disso, uma equipa internacional especializada em mergulho aliou-se às buscas para vasculhar o rio.
Duas semanas após o desaparecimento, e apesar dos avisos das autoridades, as teorias de conspiração continuaram. Contudo, a polícia continuou sem verificar se existiam indícios do envolvimento de terceiros no caso. “Também continuamos a ver uma grande quantidade de comentários de 'especialistas', especulações mal informadas e teorias da conspiração que prejudicam a investigação, a comunidade de St Michael e, pior do que tudo, a família de Nicola”, (...) Isto tem de parar”.
Já no dia 10 de fevereiro, durante uma entrevista ao "Channel 5", o companheiro de Nicola afirmou que não acreditava que a mulher estivesse no rio, e evidenciou descrença relativamente a toda a situação. "Estou convencido a 100% de que ela não está no rio", disse Paul Ansell, acrescentando: "as pessoas não desaparecem pelo ar. É absolutamente impossível".
Com base em entrevistas realizadas pelas autoridades à família de Nicola, a 15 de fevereiro, a polícia revelou pormenores pessoais relativamente à mulher. Acontece que, anteriormente, Nicola havia "sofrido com problemas significativos relacionados com álcool", relacionamentos com crises durante a menopausa. As autoridades justificaram a partilha destas informações devido ao facto de considerarem a mulher como sendo "de alto risco".
Para além disso, a polícia confirmou ainda que duas semanas antes do desaparecimento foram chamados à casa da família, e que ninguém tinha sido detido, mas o incidente permaneceu sob investigação.
No dia seguinte, gerou-se uma onda de indignação devido ao facto de as autoridades terem revelado informações privadas de Nicola, consideradas por muitos uma invasão de privacidade. Um membro do Parlamento britânico afirmou que iria questionar as autoridades relativamente ao porquê de terem revelado informações tão pessoais sobre a mulher.
Apesar disso, através de um comunicado a família confirmou que sabia que essas informações iriam ser divulgadas pelas autoridades, e que acreditavam que o foco de toda a situação estava a desviar-se de encontrar Nicola para os rumores relativamente à sua vida privada. "Apesar de sabermos que a Nikki não quereria isto, há pessoas a especular e a ameaçar vender histórias sobre ela" (...) "Isto é horrível e tem de parar".
A família revelou ainda que a mulher tinha começado um tratamento de reposição hormonal, no sentido de tratar condições associadas à perimenopausa (período de pré-menopausa). Contudo, Nicola parou de tomar a medicação pois sentia dores de cabeça, o que a família acredita ter sido um fator que contribuiu para o seu desaparecimento.
Corpo encontrado no rio ainda não foi identificado
Entretanto, no domingo, 19 de fevereiro, duas pessoas encontraram um corpo do que aparentava ser uma mulher loira, emaranhado em juncos perto do rio Wyre, enquanto caminhavam. Apesar de ainda não existirem confirmações de que o corpo seja o de Nicola Bulley, a área foi fechada, mas a identificação formal, segundo o "Daily Mail", pode levar vários dias. "Sem palavras, só agonia. Estamos todos juntos, temos de ser fortes", disse o companheiro de Nicola à Sky News.
Também muita polémica se tem gerado em torno do facto de o corpo ter sido encontrado a menos de um quilómetro da vila de St Michael, apesar das intensas buscas. "Se aquela é a Nicola, então como é que eles deixaram aquilo escapar? Algumas perguntas sérias precisam de ser feitas sobre a tomada de decisões da polícia de Lancanshire", afirmou Nusrit Mehtab, o ex-superintendente da Scotland Yard, a polícia metropolitana. Já John O'Connor, ex-comandante da polícia, acrescentou: "Acho patético que um corpo tenha sido encontrado a um quilómetro de onde ela desapareceu".
Peter Faulding, um dos membros da equipa especializada em mergulho que contribuiu para as buscas afirmou: "Tudo o que eu posso dizer é que, quando procurámos, ela não estava no fundo daquele rio", acrescentando, "Nós não procurámos nos juncos, o nosso trabalho era revistar a água".