Na madrugada de sábado, 7 de agosto, entre Pocariça e Póvoa do Bispo, um cão foi abandonado e atirado de um carro em andamento. O animal foi encontrado por três amigas que, quando o tentavam alimentar, se aperceberam de que tinha a boca colada.

Depois do resgate, o animal foi operado. "Recebeu a transfusão, tentou-se colocar uma placa, estabilizaram-se as hemorragias, mas o animal, infelizmente, não iria conseguir abrir a boca e fechar", contou Olga Ruth Silva, presidente da Associação Condeixa Pa'tudos, à MAGG. Por os danos serem irreversíveis, no passado domingo, 8, o cão foi eutanasiado.

Contrariamente à informação que circula na redes sociais, a boca colada não foi a causa da morte. "A boca colada resolvia-se, o problema é que tinha a mandíbula partida. A pessoa que lhe colou a boca deve ter pressionado com tanta força que a partiu", adianta a presidente da associação. "Mesmo depois da operação, o animal não ia conseguir abrir a boca, logo não ia conseguir comer. Podíamos aguentá-lo uma semana ou duas, mas tinha de ser alimentado por uma sonda, o que não se faz em animais, não íamos conseguir. Não ia conseguir beber água sequer", acrescenta.

"Isto está a causar-me uma revolta muito grande. Eu não ando a resgatar animais para depois ser tarde demais. Eu estive com ele, fiz-lhe festas. O cão olhou para mim e estava todo contente, porque eu o ia salvar. Não imagina a cara emocional. Eu até tenho tido pesadelos. Já assisti a muita coisa, mas como esta nunca", lamenta Olga Silva à MAGG.

"Fizemos tudo o que era possível. Só ainda não fizemos uma coisa: encontrar o culpado" , lê-se na página oficial de Instagram. A Condeixa Pa’Tudos já apresentou queixa às autoridades, por enquanto, apenas contra desconhecidos. À MAGG, Olga Silva revela que ainda não recebeu qualquer resposta por parte das autoridades e admite que a demora já é recorrente. "Ainda não fomos contactados pelas autoridades. Isto demora sempre. Estou agora a ser chamada para prestar declarações de queixas que fiz há um ano. Não funciona assim tão bem como a gente queria", conta.

Atualmente, a maior preocupação da Associação Condeixa Pa'tudos é identificar o culpado. Olga Silva faz questão de frisar que o dono e o criminoso podem não ser a mesma pessoa. "Não sabemos se foi o dono que cometeu esta barbaridade. Até pode aparecer e não saber de nada. Às vezes, até pode ser um vizinho incomodado com o ladrar do animal, não sei. Tenho muitas ideias", diz a presidente da associação.

Ao possível dono, Olga deixa a indicação de que o cão, podengo de raça, tem uma característica que o destaca e pode facilitar a sua identificação: uma mancha branca no lombo.

Condeixa Pa'tudos
créditos: Condeixa Pa'tudos

Depois da partilha do incidente, as redes sociais uniram-se pela causa e Filipe Espinho, seguidor da Associação Condeixa P'atudos, está neste momento a oferecer uma recompensa monetária de 1000 euros a quem encontrar e denunciar o culpado pelo crime. "Quem diz que oferece não o diz só por dizer. É uma pessoa de bem. Antes de publicar, fui confirmar que era verídico, somos uma associação séria”, garante a responsável.