Com os resultados da primeira fase do concurso nacional de candidaturas às universidades prestes a serem divulgados, mais precisamente a 27 de setembro, centenas de estudantes portugueses têm pouco tempo para encontrar um quarto ou uma casa na cidade onde vão estudar. E principalmente para estudantes universitários do primeiro ano, em que a chegada à faculdade marca, por vezes, também a saída de casa dos pais, a procura de alojamento ganha especial importância.
Foi a pensar especialmente no público universitário — embora a empresa também tenha outras metas — que Pedro Gancho criou a Inlife em janeiro de 2019, uma startup portuguesa focada no arredamento de quartos e casas a médio e longo prazo, com uma diferença gigante em relação a tudo o que existe no mercado: a possibilidade de conhecer uma casa em tempo real sem ter de fazer qualquer deslocação.
"Falando do público universitário nacional, e principalmente dos estudantes de primeiro ano que mudam de cidade, a procura de casa podia fazer-se de duas formas: ou o estudante, normalmente acompanhado pelos pais, se deslocava fisicamente para fazer visitas presenciais — o que implica dias de férias dos pais, custos de viagem e estadias num hotel ou alojamento temporário — ou reservava uma casa online, correndo o risco de a realidade não corresponder às fotografias ou informações do anúncio", explica Pedro Gancho, CEO da Inlife, em entrevista à MAGG.
Com a ideia inicial de criar um serviço que permitisse às pessoas conhecer casas de uma forma real e rápida, Pedro Gancho encontrou uma forma de juntar o melhor de dois mundos com a criação das visitas por videochamada. "Queríamos trazer algo de novo ao mercado que permitisse aos potenciais inquilinos visitas as casas online, mas sem o risco associado de reservar um espaço apenas com acesso a fotografias ou vídeos datados. As videochamadas, feitas em direto, permitem assim ver o espaço físico em tempo real, compará-lo com as fotos, poder fazer questões aos senhorios, esclarecer dúvidas, tudo isto em cerca de 15 minutos", descreve Pedro Gancho.
Para além de um serviço rápido e simples, é também completamente gratuito. "Quando começámos, em 2019, este serviço tinha um custo associado porque era um operador da Inlife que estava a fazer a visita por videochamada. Mas dado que o senhorio tinha sempre de estar presente para fazer a abertura de portas, e também porque hoje em dia praticamente toda a gente tem um telefone que consiga realizar este tipo de chamadas, optámos por eliminar a presença do operador", salienta o CEO da plataforma de arrendamento, o que permitiu tornar o serviço gratuito. No entanto, Pedro Gancho garante que um operador da Inlife está sempre disponível durante a videochamada para esclarecer alguma dúvida ou questão.
Apesar de ainda ser possível marcar uma visita presencial, caso o inquilino ou o senhorio assim o exijam, o CEO salienta que o objetivo da empresa é canalizar tudo para as videochamadas. "Claro que podemos sempre marcar uma visita presencial em algumas exceções, como o senhorio não ter meios tecnológicos para efetuar a ligação, por exemplo, mas queremos cada vez mais potenciar as videochamadas, que permitem que o processo seja muito mais rápido e imediato."
As ligações acontecem dentro da plataforma da Inlife, entre potenciais senhorios e inquilinos, e têm a duração de cerca de 15 minutos.
Online e à distância, mas com toda a segurança
A operar atualmente em Lisboa, Porto, Évora e Coimbra, a Inlife vai expandir-se brevemente para Braga e Aveiro, em Portugal, e também para cidades em Espanha e Itália. A juntar-se a estas novas cidades chega também um novo site, reformulado com design apelativo, mais clareza e muitos mais campos de informação.
"A nova plataforma foi feita para dar ainda mais informação a quem procura casa, bem como rapidez e ainda mais simplicidade. Contamos trazer mais público que nunca tenha utilizado a plataforma, seja por desconhecimento ou por não ter, até agora, uma oferta adequada para si", salienta Pedro Gancho.
Mas alugar uma habitação — seja um quarto ou uma casa inteira — na Inlife é como enviar o nosso melhor amigo à frente para garantir que todas as nossas exigências são cumpridas. "Para começar, todas as casas têm de estar mobiladas. Depois, na plataforma, a pessoa pode logo colocar as suas preferências: cidade, tipo de casa ou quarto, renda máxima, se prefere uma localização perto do metro da linha amarela, etc. Todas as habitações que estão na plataforma já passaram por uma curadoria da Inlife e, depois de assinaladas as preferências de quem procura casa, as opções que surgem já correspondem à filtragem", esclarece o CEO da empresa.
O resto do processo decorre de forma bastante simples. Após surgirem as habitações que correspondem aos critérios dos potenciais inquilinos, existem duas hipóteses: é possível reservar imediatamente a casa e proceder ao pagamento da primeira renda mais taxa de reserva da Inlife, ou marcar uma visita. Em qualquer dos casos, após a reserva e pagamento — a taxa da empresa corresponde a 40% do valor da primeira renda —, o valor da renda inicial (pago na plataforma da Inlife) fica retido durante 24 horas para que seja possível ao inquilino verificar se a casa corresponde a 100% ao acordado.
"É um período para ver se está tudo ok. Se o inquilino nos fizer uma queixa, o caso segue para a avaliação e, se se revelar que a pessoa tinha razão, algo que estava prometido e não aconteceu, por exemplo, devolvemos o montante na íntegra e ajudamos a encontrar uma nova solução imediatamente", explica Pedro Gancho.
Com habitações para todo o tipo de orçamentos e necessidades, desde quartos mais económicos a casas de luxo com vista rio, o CEO da Inlife salienta que um dos objetivos a curto prazo da empresa é chegar também ao público corporate e a jovens casais em busca de primeira habitação. "Temos estadias mínimas de um mês, para não cair aqui na lógica de alojamento turístico — que não é o nosso público —, mas não temos estadias máximas. Queremos cada vez mais que o público nacional veja a Inlife como uma opção válida para encontrar uma casa, desde que mobilada."
Apesar de esclarecer que a plataforma tem soluções para vários orçamentos, Pedro Gancho tabela o preço médio por um quarto numa zona perto de transportes, em Lisboa, nos 400€ com contas incluídas. Numa cidade em que as residências de ação social não são suficientes para todos os estudantes e que mesmo valores médios não são facilmente praticáveis para alguns portugueses, o CEO da Inlife sugere que os apoios e parcerias diretas governamentais com empresas como a Inlife poderiam ser uma solução.
"Estes estudantes podiam ser subsidiados com bolsas de mérito ou consoante os rendimentos familiares, que permitissem cobrir nem que fosse metade da renda. Outra forma podia passar pela criação de parcerias juntamente de plataformas como as nossas, em que fosse subsidiada uma parte da renda diretamente ao senhorio, o que faria com que os preços pudessem baixar significativamente", afirma Pedro Gancho.