"Este ano é que vai ser", dizemos todos nesta altura. Seja porque é este ano que vamos começar a comer melhor, ou porque é este ano que vamos finalmente começar a fazer desporto ou simplesmente porque é este ano que vamos fazer aquela viagem que há anos não nos sai da cabeça.

E se para alguns desses projetos de novo ano basta trocar os chocolates por cenouras no supermercado ou pegar nas sapatilhas e correr em vez de ficar no sofá, para coisas como viagens já é preciso mais do que vontade.

É certo que o salário mínimo aumentou, mas nem é bom lembrar que, do lado das despesas, aumento foi também palavra de ordem, seja no preço do bilhete de metro em Lisboa, nas portagens da autoestrada e até no pão.

Bárbara Barroso organiza uma masterclass de Finanças Pessoais, no dia 12 de janeiro, em Lisboa

Decidimos então falar com quem domina a técnica da poupança como poucos em Portugal para nos ajudar a assentar ideias para 2019. Bárbara Barroso, fundadora do MoneyLab, um projeto de educação e literacia financeira e autora do ebook De Endividado a Investidor, lembra que o mais importante nas resoluções de Ano Novo é estabelecer metas e metas que sejam concretizáveis.

"Se quero perder peso, quero perder exatamente quantos quilos? Se quero poupar dinheiro, quero poupar quanto por mês? Só assim vamos passar daquele entusiasmo inicial, em que fazemos tudo aquilo a que nos propusemos, para a disciplina e o foco que permitem que este seja um projeto a longo prazo", explica à MAGG.

Há uma aplicação que o ajuda a poupar dinheiro nas compras online
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Esta especialista em finanças pessoais ajudou-nos a enumerar 10 dicas de poupança que, podem não valer ouro, mas valem com certeza mais uns euros na carteira no final de cada mês.

  1. Fazer um orçamento. "É importante olhar para as nossas finanças pessoais como se de uma empresa se tratasse", explica Bárbara Barroso. Se a ideia for poupar, há que perceber primeiro se isso pode acontecer através do aumento de rendimentos ou do corte de despesas. No mundo ideal, vem das duas partes.
  2. Usar aplicações. Existem apps que ajudam a ter uma noção real dos gastos, assim como dos ganhos, de forma a que essa gestão seja diária. A especialista sugere a Boonzi, uma aplicação portuguesa que permite importar diretamente o extrato bancário para o telemóvel, organiza as transações em categorias e, por fim, emite relatórios que ajudam a perceber onde é possível poupar.
  3. Renegociar contratos. "Precisa mesmo daquele espaço extra na Cloud?", pergunta Bárbara Barroso, em modo de desafio. Quem diz a Cloud, diz a Netflix, que só vemos de vez em quando, ou o Spotify Premium, que instalámos sem necessidade. "Aconselho também a rever os contratos de eletricidade e os dos serviços de internet e voz em casa. Muitas vezes estamos a pagar sem sequer questionar se existem melhores opções no mercado".
  4. Transferências automáticas. "É o que, em finanças pessoais, chamamos de pagar a mim primeiro, porque acaba por ser um investimento em nós", refere a especialista. A ideia é que, todos os meses, parte do rendimento seja transferido automaticamente para uma poupança. "Se acha que fazer isso a 5 ou 10% do seu rendimento é muito, pense que dividindo o ordenado por 22 dias úteis do mês. Isso significa que apenas dois são de poupança e que os restantes vinte dias são para pagar contas".
  5. Saber quanto vale o nosso trabalho. É uma conta que pode surpreender, mas que é necessária para saber o real valor do seu trabalho. Pegue no valor final do ordenado e divida pelo número de horas que efetivamente trabalha. "Se calhar vai pensar duas vezes antes de gastar cinco horas de trabalho num casaco da Zara", ironiza Bárbara Barroso.
  6. Dinheiro em envelopes. É uma prática antiga, mas que funciona. "Se eu pegar no dinheiro que tenho e o dividir em categorias como 'saídas com amigos', ' comer fora' e 'compras de supermercado', tenho a certeza que nunca ultrapasso o valor estipulado".
  7. Deixar o carro em casa. "Ou até mesmo não ter carro", completa Bárbara. São raras as vezes, segundo a especialista, em que, vivendo no centro da cidade, compensa ter carro, quando comparado com as alternativas: bicicletas, trotinetes, transportes públicos, boleias partilhadas e até o Uber.
  8. Planear menus semanais. É uma forma de saber exatamente o que vai precisar para cozinhar nessa semana. Além disso, fazendo um inventário ao que existe na cozinha, não compra em excesso e pode preparar os pratos de acordo com o que já tem na despensa.
  9. Desafio das 52 semanas. Há 52 semanas num ano e o desafio é, por cada semana, poupar o correspondente a essa semana em euros. Assim, na primeira semana poupamos 1€, na segunda semana poupamos 2€, e assim consecutivamente até à 52.ª semana em que, nessa semana, poupamos 52€. Tudo somado e, no final do ano, terão colocado de lado 1.378€.
  10. Comprar online. "Ao fazer as compras longe do supermercado evita o apelo ao consumo que faz com que, muitas vezes, cheguemos a casa com o que não precisamos", alerta. Além disso, ferramentas como o KuantoKusta Supermercados permite comparar os preços dos produtos em diferentes supermercados, para saber em qual deles será mais vantajoso fazer compras.