A marca de maquilhagem Youthforia, lançada em 2021 como uma marca sustentável que produz produtos que atuam como skincare e com os quais se pode dormir, está a ser alvo de duras críticas por parte das influenciadoras digitais depois de ter lançado, em março, bases duvidosas com tons mais escuros.
As críticas a esta marca começaram em 2023, segundo o jornal “Time”, depois de terem lançado 15 tons da sua base Date Night Skin em que nenhuma delas era inclusiva para mulheres com a pele mais escura. Depois de vários comentários, foi em março deste ano que a Youthforia decidiu lançar algo alegadamente mais inclusivo, com 10 novas cores, para conseguir servir um público maior.
Em vez de uma base com uma cor mais semelhante ao tom de pele pedido, o que a Youthforia fez, para algumas influenciadoras, foi “colocar tinta preta” na embalagem. Golloria, uma influenciadora que utiliza o seu TikTok para fazer reviews de bases com tons mais escuros das marcas que estão disponíveis no mercado, publicou na segunda-feira, 29 de abril, um vídeo sobre a nova base da Youthforia na cor 600, a cor mais escura que a marca lançou, e não ficou satisfeita.
“Qual dos lados da minha cara tem tinta preta e qual tem a base da Youthforia? Não me conseguem dizer, isto é alcatrão na embalagem”, começou por dizer Golloria. No vídeo, a influenciadora aplica a base e a tinta nos dois lados da cara, explicando que vai espalhar normalmente como uma base normal. Quando chega a meio de aplicar a base para, e pergunta quem é que tem aquele tom de pele na vida real. “Às vezes é melhor dizer ‘Se calhar a minha marca não é a melhor para este tipo de peles’”, disse.
“Quando dizemos que queremos que façam bases inclusivas, não queremos dizer para pegarem em tintas de blackface. O que queremos dizer é para pegarem nos castanhos que já fizeram e criarem outros tons, e façam o que for preciso no laboratório para criar um castanho mais escuro”, continuou. “Isto precisa de sair das prateleiras”, concluiu Golloria. O vídeo da influenciadora ganhou mais de dois milhões de gostos e 26 milhões de visualizações em menos de uma semana, com vários comentários a concordar com a sua opinião.
No entanto, esta não foi a única crítica à nova base da Youthforia. A expressão “black face” que Golloria utilizou também aumentou a polémica, já que tem que ver com a “black face paint”. Aqui, a influenciadora está a dizer que esta tonalidade mais escura faz lembrar o tempo em que a população caucasiana pintava a cara de preto para ridicularizar os escravos, o que acontecia em espetáculos de teatro de rua nos Estados Unidos.
De acordo com um artigo publicado em 2019 pela CNN, esta “blackface” invoca uma história racista, onde os artistas escureciam a sua cara e vestiam roupas rotas e amarrotadas para parecerem estereotipadamente africanos. Nestes espetáculos retratavam-nos como preguiçosos, ignorantes, cobardes ou até hipersexuais, sendo humilhante e ofensivo para a comunidade africana. Além disso, alguns atores negros também tinham de usar esta “blackface”, pois era a única forma de o público se interessar pelo conteúdo.