O canal norte-americano Lifetime exibiu entre dia 3 e dia 5 de janeiro o documentário “Surviving R. Kelly”. Dividido em seis episódios, o documentário foca-se nas alegadas violações de R. Kelly a várias adolescentes e mulheres nos últimos 20 anos. Ao longo do documentário, o cantor foi acusado de ter falsificado a idade da sua primeira mulher, a cantora Aaliyah, na licença de casamento. Ela casou com o artista em 1994, quando tinha apenas 15 anos, mas nesse documento constava que tinha 18. R. Kelly é acusado ainda de ter abusado mental, física e sexualmente de várias mulheres e adolescentes, bem como de fazer sextapes sem o consentimento das mesmas, e, como noticiou o site Buzzfeed em 2017, de ter um “culto” onde mantém jovens mulheres cativas.

Após a exibição do documentário, visto por mais de dois milhões de americanos, o TMZ escreveu que o condado de Fulton, Georgia, irá fazer uma investigação criminal sobre todas as alegações feitas no documentário, o que poderá resultar em acusações formais. O estado de Chicago já anunciou também que irá começar a entrevistar algumas das vítimas que apareceram no documentário.

Fontes próximas afirmam que o cantor, que fez no dia 8 de janeiro 52 anos, não reconhece metade dos participantes no documentário e que outra metade são pessoas que o odeiam por razões pessoais ou profissionais. De acordo com o TMZR, Kelly pretende ainda processar todos os envolvidos na realização de “Surviving R. Kelly”, incluindo a própria estação de televisão Lifetime.

Para a realização de “Surviving R. Kelly”, foram entrevistadas mais de 50 pessoas como Andrea Kelly, ex-mulher do cantor, algumas das alegadas vítimas como Lisa VanAllen, a cantora Sparkle, ou Lizzette Martineg, bem como dois dos irmãos do cantor. Dos muitos artistas que colaboraram com R. Kelly apenas Chance the Reaper e John Legend decidiram prestar depoimentos para o documentário.

Em declarações ao jornal norte-americano “Detroit Free Press” a ativista e produtora executiva Dream Hampton afirmou que “no que toca a celebridades foi bastante complicado conseguir depoimentos de artistas que tivessem colaborado com R. Kelly". E acrescentou: "Perguntámos à Lady Gaga, perguntámos à Erykah Badu. Perguntámos à Celine Dion. Perguntámos ao Jay-Z. Perguntámos ao Dave Chappelle. Todos estes artistas têm sido críticos dele [mas não quiseram falar para o documentário]. E isso faz com o John Legend seja ainda mais um héroi para mim.”

Após a exibição do filme, John Legend tweetou sobre a sua participação. "A todos os que dizem que sou corajoso por aparecer no documentário, não me pareceu que tenha corrido algum risco, de todo", disse o cantor. "Eu acredito nestas mulheres e não vou proteger um violador de crianças em série. Foi uma decisão fácil”.

É de salientar que, após a exibição do primeiro episódio duplo no dia 3 de janeiro, os streams de R. Kelly no Spotify subiram 16%, de acordo com o site The Blast.