Nasci em Lisboa e é aqui que sempre vivi, tal como toda a minha família. Embora eu adore viver aqui, e não troque por nada esta cidade, é facto que procurei desde cedo por um lugar mais meu, longe da confusão, onde a dispersão é muita, tal como os afazeres e as requisições. Talvez por isso o interesse pelas viagens tenha chegado cedo.
Em 2010 vivi a minha primeira experiência sozinha no estrangeiro, através do programa Erasmus. Instalei-me na Alemanha durante seis meses e ao longo deste período viajei muito pela Europa. Nessa altura, comecei a sonhar com um projeto de voluntariado em Moçambique, que viria a concretizar em 2012.
O interesse pela descoberta de novos lugares e culturas sempre esteve presente, mas tornou-se ainda mais evidente em 2015, quando comecei a namorar com o Nuno. Também ele apaixonado por viagens, um dia desafiou-me: “e se viajássemos pelo mundo durante um ano?”.
O plano pareceu-me tão perfeito quanto impossível de realizar, mas a mais pura das verdades é que este nosso projeto começou ali, naquela simples conversa, há sete anos. A partir daí, passámos a anotar num Google Maps partilhado todos os locais no mundo que nos despertavam interesse. Inspirámo-nos em filmes e documentários que vimos, mas também em viagens de familiares e amigos. Tudo isso serviu para irmos alimentando - e, sem sabermos, construindo - este nosso sonho.
Misturou-se sempre a convicção de que o plano era remoto com uma enorme esperança de que viesse a ser possível, mas sempre olhámos para a ideia como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Até à chegada da COVID-19. A pandemia levou- nos a colocar tudo em perspetiva, a rever prioridades e objetivos de vida. Chegámos juntos à conclusão de que o sonho de viajar um ano pelo mundo era mesmo para concretizar e definimos que 2022 seria o ano para arriscar.
No verão de 2021 acordámos que no máximo em novembro teríamos que falar sobre este assunto às nossas chefias. O Nuno trabalhava numa multinacional, à qual propôs uma licença sem vencimento de um ano. Quase que dava certo, mas acabou por não dar. Assim sendo, despediu-se. Eu tive mais sorte. Trabalho na MAGG há três anos e propus à minha chefia abdicar das funções que desempenhava para passar a elaborar conteúdos sobre a viagem para a revista ao longo do ano.
A minha proposta foi aceite, por isso aqui estou, a escrever este artigo, o primeiro de muitos, sobre esta aventura que nunca, mas nunca, irei esquecer.
Decisão tomada, o que fazer?
O nosso mapa partilhado dava-nos uma ideia geral dos vários destinos que nos interessavam, mas foi preciso unirmos pontos, fecharmos um percurso mais concreto da viagem. Para isso, foi essencial este site, que apresenta informação fidedigna sobre o clima mês a mês, nos vários cantos do mundo.
O sudeste asiático estava no topo da nossa lista de desejos e este site ajudou-nos a perceber, não só que fazia sentido começar por aí, mas também que o início do ano era o momento certo para darmos início à aventura. Desta forma, garantíamos estar um passo à frente das monções, um fenómeno atmosférico que se traduz na ocorrência de chuvas intensas.
Foi assim que definimos que a Tailândia seria o primeiro destino. A partir daqui foi fácil desenhar o resto do percurso pela Ásia: Vietname, Cambodja, Malásia e Indonésia. O nosso objetivo é seguirmos depois para a Austrália, Nova Zelândia e, por fim, América do Sul.
Um esboço da viagem é importante para nós, não só porque serve-nos de guia, mas também porque ajuda-nos a ter uma ideia dos custos. No entanto, estamos inteiramente preparados para imprevistos e, por isso, para ajustes a este plano inicial. Aliás, acreditamos que pelo caminho irão surgir novas vontades e, por isso, novos voos.