
Ana Bárbara Pedrosa sempre teve o sonho de ser mãe. No novo episódio do podcast “Um Género de Conversa”, da Rádio Comercial, apresentado por Patrícia Reis e Paula Cosme Pinto, a escritora, conhecida por títulos como "Amor Estragado" ou "Palavra do Senhor", revelou que o sonho de constituir família já se arrastava desde os tempos da pré-primária.
“Na pré-primária já queria ser avó. Sempre quis a ideia de família que passasse por ter crianças, por ver essas crianças a crescer e a tornarem-se adultas, por vê-las a ter crianças também”, começou por contar. Para concretizar esse seu sonho criou a “conta dos bebés”, uma conta poupança com o objetivo de ter condições para ter os filhos com que sempre sonhou e, nomeadamente, poder financiar todo o processo de fertilização in vitro.
“A conta dos bebés era, ainda antes de ter condições para os ter, para planear a minha vida económica de forma a criar essas condições. Eu vim morar para Lisboa em 2012, depois fui fazer o doutoramento para o Brasil e nessa altura já ia tendo uma conta poupança para a minha vida posterior", explicou.
"Depois voltei para Portugal, vivia numa casa partilhada – evidentemente não daria para ter filhos numa casa partilhada. E era muito difícil arrendar casa em Lisboa, ficava muito mais caro mensalmente uma renda do que uma prestação, portanto, tive ali uns anos a poupar para comprar uma casa. Depois comprei uma casa em abril e em agosto fui à clínica”, acrescentou a escritora.
Depois de alguns anos em que “tudo correu mal”, três inseminações e “cinco embriões em três ciclos de FIV [fertilização in vitro]”, conseguiu engravidar de um casal de gémeos, Maria e David, com cerca de 1 ano.
Ana Bárbara Pedrosa revelou que viveu todo este processo sozinha e, ainda que no decorrer das tentativas tenha estado numa relação amorosa, o “projeto era a solo”. "Eu queria ser mãe e isso estava acima de qualquer hipótese de relação. Não era uma coisa que para mim tivesse de estar condicionada à vontade alheia", afirmou no podcast.
O desafio de ter dois recém-nascidos em simultâneo sozinha fez com que tivesse de deixar “a vida em suspenso para tratar deles”, mas não havia mais nenhum projeto de vida que a deixasse mais satisfeita do que este.
“Não dava para haver uma realidade paralela. Eu sempre quis ter filhos, o meu desconforto era não os ter. A partir do momento em que os tenho, a vida está resolvida. Não havia um plano B para a minha vida. Se houvesse um cenário de infertilidade em que eu realmente não conseguisse ter filhos ou não arranjasse alguém com quem ter filhos, não havia uma outra hipótese de vida que para mim fosse satisfatória”, explicou.
Apesar do quão difícil pode ser todo o processo de fertilização in vitro, a escritora manteve-se esperançosa e sempre acreditou que ia conseguir, muito devido ao facto de não existir nenhum dado que apontasse o insucesso da fertilização in vitro, visto que era fértil e saudável.
“A primeira vez não é minimamente dramática porque ainda não há desgaste. Tentaste um mês, foi uma inseminação, gastaste 2 mil euros, não funcionou. No mês a seguir vai funcionar. Claro que o Google é uma espécie de amigo que é inimigo ao mesmo tempo, porque as pessoas gastam toda a informação ali, portanto, eu via percentagens de sucesso e pensava: ‘OK, esta não funcionou, portanto ali tem de funcionar’. É um desgaste muito, muito forte, que macula os momentos todos à volta. Não é para qualquer pessoa conseguir ir tendo paz mental no meio disto e conseguir ir vivendo e fazendo as coisas de forma funcional, sem se deixar abalar”, confessou ao explicar que, enquanto fazia os tratamentos, tinha dois trabalhos em simultâneo, um para viver e outro para “pagar a clínica”.
Ana Bárbara Pedrosa explicou ainda que o fundamental já tem e que, por isso, apesar de não descartar uma relação amorosa, não é “a coisa principal”.