O Dia dos Namorados está ao virar da esquina e com ele vêm os jantares românticos e as surpresas carinhosas. Se foi pai recentemente e está frustrado por pensar que não pode celebrar este dia, desengane-se. A MAGG falou com a psicóloga clínica Filipa Maló Franco para perceber que estratégias pode adotar para que, mesmo no meio de tantas mudanças, possa continuar a viver o romance e a intimidade. 

O sono do bebé, a nova rotina e novos desafios fazem com que o romance possa ficar esquecido na relação. No entanto, a verdade é que um bebé não é impedimento para nada. Aliás, se as necessidades do bebé forem respeitadas, dá para conciliar a vida do casal com todas as mudanças que a maternidade acarreta. 

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“Podemos levar os nossos bebés para todo o lado connosco ou, se tiverem idade para isso e se os pais estiverem confortáveis, também podem ativar a rede de apoio e aproveitar para terem um momento, para saírem durante umas horinhas para que possam comemorar. Mas pegando no exemplo daqueles pais que ainda não conseguem deixar o bebé ou que não querem deixar o bebé, porque também pode acontecer e todas as emoções devem ser respeitadas, de facto, é muito importante ajustarmos as expectativas e percebermos que podemos ter um Dia dos Namorados bom e que seja importante para o casal vivendo também em família, e ajustar as expectativas que aquele Dia dos Namorados pode ser assim, o que não significa que os outros tenham de ser iguais”, começa por explicar a especialista à MAGG. 

 Filipa Maló Franco
Filipa Maló Franco Filipa Maló Franco, psicóloga clínica

Filipa Maló Franco, que abriu, em fevereiro, a sua clínica de psicologia, que acompanha desde o bebé ao adulto, e conta ainda com terapia de casal e familiar, aconselha os casais a verem o lado positivo desta nova realidade e, sobretudo, a ajustarem as expectativas. 

“É importante tentar procurar também um lado positivo de estarmos a viver aquele momento em família, com um bebé que, de certa forma, é fruto do amor daqueles pais, que é um presente para aqueles pais”, diz a especialista. 

O sono do bebé (e dos pais) 

Uma das maiores angústias e preocupações dos recém-pais é o sono dos bebés. Dormir é crucial, mas é também importante entender que o sono do bebé não é linear nos primeiros 2 ou 3 anos e que, por isso, é mais importante arranjar estratégias para lidar com isso do que tentar lutar contra. 

“Se estamos numa situação em que existe muito choro envolvido, muito cansaço, muita exaustão, muitas dúvidas e vemos que é um momento que nos deixa já ansiosos e muito tensos, então temos que atuar na prevenção e procurar ajuda com profissionais, que, de preferência, tenham formação na área não só do sono do bebé, mas também no desenvolvimento do bebé e na área perinatal”, aconselhou Filipa Maló Franco. 

“Toda a gente precisa de dormir e dormir é um ponto essencial da vida e que influencia muito o bem-estar, mas aquilo que eu noto na minha prática clínica é que quanto mais nós lutamos contra o sono do bebé e as características do sono do bebé naquele momento, mais cansados e exaustos vamos estar”, acrescenta. 

“As rotinas são importantes, mas com demasiada rigidez também deixamos de aproveitar a vida. O ideal é que possamos encontrar um ponto de equilíbrio, no qual as necessidades do bebé sejam respeitadas, mas nos primeiros meses os bebés precisam é de estar junto dos pais”, explica a psicóloga clínica ao dizer que, ao contrário do que se possa pensar, os bebés podem dormir em qualquer lado, desde que estejam num local confortável. 

E o romance? 

Ter um bebé não é sinónimo de perder o romantismo e a intimidade na relação. Aquilo que mais adoece o romance nos primeiros tempos é a falta de comunicação na vulnerabilidade. O segredo em primeira mão é os casais continuarem a comunicar e continuarem a ser vulneráveis um com o outro”, diz a psicóloga clínica. 

Se gosta de ir jantar fora no Dia dos Namorados, ter um bebé não é impedimento. Pode, por um lado, levar o bebé consigo ou, por outro, ativar a rede de apoio para que possam ficar com o seu filho. Para além de que, assim como explica a especialista, o romance e a intimidade incluem várias coisas, tais como conversar, fazer pequenos carinhos, enviar mensagens carinhosas ou fazer pequenas surpresas. 

A intimidade na relação também não é uma causa perdida. É possível manter a sua vida sexual ativa, mesmo quando se tem um bebé. 

“A intimidade também não está circunscrita ao quarto. Quando o bebé dorme no quarto dos pais, existe toda uma outra casa, outras divisões. Os pais podem dar asas à imaginação e serem criativos na sua intimidade. Existem várias coisas que nós podemos ir fazendo que não atrapalham esta nova dinâmica familiar. É um amor transformado, que não deixa de ser amor”, conclui a especialista.