São raras as vezes em que vemos um casal, num momento a dois, sem estar agarrado ao telemóvel. Mas a verdade é que este aparelho, que está na nossa rotina diária, pode estar a prejudicar a qualidade das nossas relações interpessoais. Um estudo realizado por investigadores da Universidade Europeia e outras instituições, que envolveu 206 participantes em Portugal, entre os 18 e os 73 anos, decidiu analisar o fenómeno do Partner Phubbing. Isto é, o comportamento que consiste em ignorar o parceiro em momentos de interação cara a cara para se focar apenas no telemóvel. 

Para entendermos este fenómeno e as conclusões do estudo, a MAGG falou com a professora, psicóloga clínica, neuropsicóloga e coordenadora do mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde da Universidade Europeia, Inês Ferreira. 

Psicólogo revela os 3 grandes erros que os casais mais cometem e que levam ao fim dos relacionamentos
Psicólogo revela os 3 grandes erros que os casais mais cometem e que levam ao fim dos relacionamentos
Ver artigo

“Este estudo tem como objetivo analisar o uso problemático do smartphone em adultos, os problemas que pode ocasionar do ponto vista relacional. O termo partner phubbing combina os termos em inglês phone, telefone, em português, e snubbing, que diz respeito a desprezo ou indiferença. O termo phubbing surgiu, pela primeira vez, em 2007, na Austrália, numa campanha publicitária e rapidamente se difundiu pelo resto do mundo”, explicou a investigadora, à MAGG. 

Inês Ferreira, professora, psicóloga clínica, neuropsicóloga e coordenadora do mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde da Universidade Europeia
Inês Ferreira, professora, psicóloga clínica, neuropsicóloga e coordenadora do mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde da Universidade Europeia Inês Ferreira, professora, psicóloga clínica, neuropsicóloga e coordenadora do mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde da Universidade Europeia

Com as redes sociais e os constantes estímulos na internet, mexer no telemóvel tornou-se um ato quase inconsciente. Quanto maior é o uso deste aparelho, que pode levar a uma maior distração ou até mesmo ao ignorar quem está ao redor, menor é o nível de satisfação demonstrado numa relação amorosa. 

“O que verificámos no estudo é que quanto maior é o partner phubbing, menor é a satisfação dentro do relacionamento”, revelou Inês Ferreira, ao explicar que este fenómeno é transversal em idade e sexo, mas que, os jovens parecem não se incomodar tanto com este tipo de comportamento. 

“Em termos globais, verificaram-se níveis moderados de partner phubbing, sendo que numa escala de 9 (mínimo) a 45 (máximo), cerca de metade da amostra pontuou pelo menos 20. A distribuição de resultados foi semelhante por sexo e por faixa etária, ou seja, é um comportamento transversal”, acrescentou. 

Importa ainda salientar que o estudo, que associou uma maior prática de phubbing a um maior uso da internet e das redes sociais, concluiu que o partner phubbing torna-se ainda mais incomodativo com o avançar da idade, ou seja, quanto mais velha a pessoa for maior é a tendência para ficar desconfortável com este comportamento. 

Para conseguir aferir estas conclusões o estudo propunha algumas questões relacionadas ao que a pessoa sentia na sua relação, tais como, se se sentia ignorada, se sentia que existia desinteresse da outra parte ou se sentia que o parceiro não lhe dava atenção em detrimento do uso do telemóvel. 

De acordo com o estudo, o uso excessivo do telemóvel pode introduzir uma perceção de desinteresse na relação. “Este comportamento [o partner phubbing] é associado, muitas vezes, a indisponibilidade e desinteresse por parte do parceiro”, concluiu Inês Ferreira.