É a melhor coisa do mundo, é o que dizem. Não há amor como aquele, garantem. E nós não duvidamos. A paternidade muda a vida de qualquer pessoa e, por isso, o foco é sempre dado pela positiva. Mas e quando chega um estudo que diz que os pais se sentem aliviados quando os filhos saem de casa? Onde estão os pais galinha agora?
O estudo de que falamos foi publicado, a 24 de julho, no jornal Plus One e tem como base uma amostra de 55 mil entrevistados com 50 ou mais anos e com origem em 16 países europeus. A investigação liderada por Christoph Becker, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, teve como objetivo perceber a relação entre o bem-estar e a saúde mental das pessoas de meia idade e mais idosas, com o agregado familiar (estado civil e parentalidade).
Para a realização do estudo os entrevistados só tinham de classificar com níveis quatro tipos de indicadores de bem estar e saúde mental: satisfação geral com a vida, satisfação com a qualidade de vida na velhice, satisfação com a sua rede de pessoas que lhe são próximas, e sintomas depressivos e aspetos da saúde mental no final da vida.
Um dos resultados mais surpreendentes do estudo mostra que as crianças que crescem e deixam de viver com os pais, além de passarem a ser um grande apoio à família quando está já numa idade avançada, deixam os pais mais descansados. As pessoas com filhos já fora de casa apresentaram menos sintomas de depressão do que aquelas que nunca tiveram filhos, e, as que têm, sentem um nível de bem estar maior quando voltam a viver sozinhos.
Além disso, os investigadores descobriram que os pais que têm contacto regular com os filhos são mais felizes do que aqueles que ainda vivem com os mesmos ou que nunca os tiveram. Segundo os investigadores, é fácil de explicar porque é que isto acontece: os filhos são uma responsabilidade que acarreta gastos financeiros e cuidados, provocando stresse.
Parece que também nos avós há um padrão que contraria a ideia de que as crianças só trazem felicidade: "O facto de uma pessoa ter netos relacionam-se positivamente com a satisfação com a vida e a satisfação com a rede [social], mas negativamente com a qualidade de vida e a falta de sintomas depressivos."
Contudo, o estudo descansa os pais e avós que neste momento estão com o peso na consciência. É que os dados revelaram diferenças entre as crianças que estão em casa, as que já saíram e os netos. “Claro que não é uma diferença muito grande, mas decorre de um conjunto de dados com milhares de entrevistados. Assim, embora as crianças possam não ser o maior impulsionador da satisfação e da felicidade, elas ainda tem, em média, uma influência significativa", refere Becker ao "The Independent".
Quanto ao estudo do estado civil e da forma como este afeta o bem estar e a saúde mental, o resultado da investigação indica que o casamento estava "consistentemente relacionado positivamente com o bem-estar e a falta de sintomas depressivos". Não só o casamento em si, mas as pessoas da rede social com quem se pode partilhar pensamentos e sentimentos são fundamentais para o apoio social. "Como o tamanho da rede social parece ser um importante fator para a análise subjetiva do bem-estar, isso pode indicar que uma pequena rede de parceiros pode compensar a falta de uma rede social maior."
Percebemos assim que as redes sociais na velhice são um fator importante para manter o bem estar e a saúde mental. As relações mais duradouras — como os cônjuges, os parceiros e os filhos — são uma boa base de apoio.