O Yellow Park, edifício-sede da Glovo, em Barcelona, é uma verdadeira Sociedade das Nações. Aqui, trabalham profissionais de várias nacionalidades, reflexo da presença da empresa em três continentes (Europa, Ásia e África), num total de 23 países.
A MAGG marcou presença no Glovo Next, a apresentação das novidades da aplicação multicategoria, esta quarta-feira, 15 de outubro, um evento que acontece por ocasião do 10.º aniversário da plataforma fundada por Oscar Pierre e Sacha Michaud.
Ao longo de uma década, a marca nascida em Barcelona conseguiu agregar na aplicação 160 mil parceiros, entre restauração e comércio, mais de 500 marcas e estabelecer colaboração com mais de 200 mil estafetas (que, recorde-se, são trabalhadores freelancer e não contratados pelas aplicações, que fazem apenas a ligação entre o comerciante e o estafeta). "O que me entusiasma é que a maioria são pequenos negócios, empreendedores", afirmou Oscar Pierre, CEO e confundador da Glovo.
As alterações à aplicação, que começaram a ser desenhadas há vários meses, já começaram a ser testadas em Barcelona e Madrid. Gradualmente, passarão a estar operacionais em Espanha e, de forma faseada, nos restantes países onde a Glovo opera. Mas, afinal, que alterações são essas?
Vídeo, escolhas e social. Estas três inovações vão transformar a experiência do pedido de comida. "Escolhemos fazer isto por causa de um problema do utilizador. 35% das vezes não sabem o que escolher", começou por explicar Daniel Alonso, diretor de produto da Glovo.
Vídeo
A aplicação multicategoria passa a ser a primeira deste segmento a integrar vídeo. Na página principal dos restaurantes, existirá uma faixa, à semelhança dos Youtube Shorts, onde o utilizador poderá ver um vídeo onde aparecerá o prato-estrela do estabelecimento. Os vídeos aparecerão no feed do utilizador de forma aleatória e a ideia é, através do estímulo visual, poder facilitar a escolha da encomenda.
A produção dos vídeos que vão aparecer no feed do utilizador é da responsabilidade dos restaurantes. "Os clientes criam os conteúdos, a Glovo revê o vídeo e, depois, é publicado na aplicação", esclarece Daniel Alonso, diretor de produto da Glovo.
Escolhas
Esta nova funcionalidade emprega a lógica dos 'gosto' das redes sociais à Glovo. Cada utilizador pode selecionar os seus restaurantes favoritos e criar listas personalizadas, seja os estabelecimentos dos quais costuma encomendar com a família, os seus vegetarianos favoritos, os restaurantes de sushi mais badalados ou mesmo as melhores casas de hambúrgueres.
Social
Esta inovação vai transformar a Glovo numa aplicação cada vez mais próxima de uma rede social. O utilizador deixa de estar sozinho e passa a poder partilhar os seus gostos e encomendas com os amigos, família, colegas de trabalho, bem como ver o que pedem as pessoas de quem gosta.
Por questões de privacidade e tratamento de dados, esta funcionalidade só passa a estar ativa se o utilizador assim o desejar. Para isso, é necessário ir ao perfil pessoal da Glovo, escolher a funcionalidade "adiciona os teus amigos" e escolher, através dos contatos da lista telefónica, quem queremos que passe a fazer parte da nossa rede Glovo.
Quando o pedido é enviado, o contato recebe uma notificação e, caso aceite o pedido, fica a fazer parte da rede do utilizador, podendo ver os seus pedidos e, quando escolher um estabelecimento, ver que amigos já encomendaram comida daquele local. Esta funcionalidade estará apenas disponível para restaurantes e não será aplicável a outro tipo de serviços disponíveis na Glovo.
Tal como esclareceu Daniel Alonso, nenhum pedido, seja por email ou sms, vai ser enviado a contatos que não estejam já na aplicação e, a não ser que queiram tornar ativa esta funcionalidade, todos os utilizadores estão, por regra, fora desta funcionalidade.
Daniel Alonso. "Creio que o vídeo vai ajudar os restaurantes mais pequenos"
"Hiperpersonalização da aplicação" resume as transformações que se vão operar na experiência do consumidor Glovo nos próximos meses. Em conversa com a MAGG, o chief product officer da marca fala sobre a introdução do mural de vídeo na aplicação e da forma como acredita que esta novidade vai ser transformadora, quer para o consumidor, quer para o mercado.
Como acha que vão reagir os utilizadores portugueses a estas três novidades?
Acho que vão ser bem acolhidas. [Quando testámos as novidades ] os funcionários portugueses da Glovo reagiram muito bem e foram também os primeiros a dizer-me que temos de fazer isto para influencers. A parte dos vídeos também foi recebida de forma muito positiva, ninguém disse 'porque é que estou a ver isto?'. Por isso, temos muito boas expectativas.
As pessoas vão certamente passar mais tempo na aplicação, porque toda a gente adora passar tempo no Instagram a ver vídeos de comida.
Tenho dúvidas se o processo vai ser mais curto ou mais demorado. Quando entro na aplicação e não sei o que pedir, o processo é muito lento. Com o vídeo, o processo é muito mais rápido. Tenho dúvidas que as pessoas fiquem só a ver os vídeos porque, quando entras na aplicação, queres jantar, estás em modo decisão, não estás em modo entretenimento. Creio que, com os vídeos, vai ser mais fácil decidir. A funcionalidade 'escolhas', por exemplo, também facilitará a escolha, porque os restaurantes estão todos agregados por categorias.
Já equacionaram um sistema de recompensas para as pessoas que agregarem muitos seguidores?
Não. A minha expectativa é que adiciones os teus amigos porque isso tem valor para ti.
Qual é previsão para a introdução destas novidades?
Madrid e Barcelona são as primeiras cidades a ter disponível a funcionalidade vídeos. A opção 'escolhas' passa a estar disponível a partir de amanhã [quinta-feira, 16 de outubro] em Portugal para 25% dos utilizadores, 50% só a parte de favoritos e 25% não vai ver nada. Vamos introduzindo faseadamente, para perceber como funciona. A parte 'social' vai ser testada inicialmente só em Espanha, para percebermos como funciona. É uma funcionalidade que temos de lançar país a país, porque podes ter amigos que vivem noutra cidade.
Se não funcionar em Espanha, insistirão noutros mercados?
Sim. A tecnologia constrói-se. O que queremos perceber é se existem alguns problemas, questões de privacidade, etc. Não sei o que vai acontecer, se nos vão acusar de questões de privacidade ou se toda a gente se vai conectar com todos os amigos porque acham a coisa mais divertida do universo.
A produção de vídeo é cara. A qualidade não é mesma se for gravado com um telemóvel ou feito por um profissional. Crê que esta nova funcionalidade vai prejudicar as empresas mais pequenas?
Há duas maneiras de ver essa questão. Quando mostrei esta ideia a grandes corporações, disseram-me 'isto vai ajudar os mais pequenos'. Ao fim do dia, o que fazemos é dar aos restaurantes mais ferramentas do que as que tinham. Antes, era tudo muito estático, eram só fotografias dos pratos. Damos a oportunidade a todos.
Quando abordaram os restaurantes com esta novidade, tiveram alguma reação menos positiva?
Sim. Mas suspeito que hoje, quando lançarmos os vídeos, algum chefe vai ver e vai gritar 'porque é que a minha concorrência tem vídeos e eu não?'. Creio que vai ser mais isso que vai acontecer. É um ativo que eles têm para poder competir no marketplace. Creio que o vídeo vai ajudar os restaurantes mais pequenos. [Empresas como] McDonald's toda a gente conhece, mas há restaurantes que, antes, não conhecias, vias apenas uma foto estática, e agora vês e pensas 'vou experimentar'. Penso que vai ajudar na descoberta de restaurantes com menos projeção.
Qual é o critério para os vídeos aparecerem no mural?
Há dois critérios: um deles é completamente aleatório, porque é a lógica da descoberta. O outro colocará por ordem de preferências do utilizador.
* a MAGG viajou a convite da Glovo