"Fazemos fintas à justiça, à Judite e à Interpol e adoramos tanto a preguiça como a cerveja e o futebol". Os versos são do genérico da primeira adaptação de "Crónica de Bons Malandros". Em 1984, Fernando Lopes levava ao grande ecrã o livro de Mário Zambujal, o retrato de um País saído da Revolução de Abril, ainda às turras com a liberdade recém-adquirida, consubstanciado num grupo de ladrões de terceira categoria, numa Lisboa presa entre um passado certo e um futuro que ninguém sabia o que ia ser.

Paulo de Carvalho, Maria do Céu Guerra, Nicolau Breyner, Pedro Bandeira-Freire, Duarte Nuno, Lia Gama e João Perry deram vida aos 'bons malandros' originais. 36 anos depois, a obra, escrita em 1980, conhece uma nova vida, desta vez em série. "Crónica dos Bons Malandros" estreia-se esta quarta-feira, 2 de dezembro, às 21h, na RTP1. Realizada por Jorge Paixão da Costa, com guião de Mário Botequilha, a série conta com um elenco de luxo.

A MAGG revela-lhe quem são, um a um, os bons malandros desta história que tem uma premissa simples: uma quadrilha lisboeta que se dedica a pequenos furtos e aldrabices recebe a proposta mais inacreditável (e inexequível de sempre): roubar a coleção de jóias de René Lalique do museu da Fundação Calouste Gulbenkian.

Renato, o Pacífico (Marco Delgado)

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Marco Delgado é Renato créditos: RTP

A competência de Marco Delgado, sobretudo em papéis como este, que estão no cinzento entre o vilão e o bom da fita, sobressai mais do que nunca em "Crónica dos Bons Malandros". O ator, um dos mais prolíficos da ficção nacional (fizemos as contas e são 18 novelas em 20 anos, um número impressionante) encarna Renato, ironicamente apelidado de "o Pacífico". É o líder desta quadrilha desajeitada e, além de nervoso, é facilmente impressionável. Sobretudo quando A Japonesa (interpretada por Monica Iozzi) o alicia com aquele que pode ser o trabalho da sua carreira.

Marlene, a Voadora (Maria João Bastos)

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Maria João Bastos é Marlene créditos: RTP

É um deleite ver, consubstanciado nesta personagem, o despontar da modernidade portuguesa. Estão lá as permanentes, as sombras berrantes, os acessórios em plástico fluorescente e até um mini vermelho que queremos muito para andar pelas ruas de Lisboa. Marlene está encalhada entre o que será uma mulher independente e o que era uma mulher no início da década de 80, dependente do homem para lhe ditar as ordens. É companheira de Renato e também a voz da sua consciência.

Flávio, o Doutor (Adriano Carvalho)

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Adriano Carvalho é Flávio créditos: RTP

Se não soubéssemos melhor, até íamos arriscar que O Professor de "La Casa de Papel" tinha sido um bocadinho inspirado nesta personagem do livro de Mário Zambujal. Teorias da conspiração à parte, Flávio é o cérebro da quadrilha. Um filósofo, um estudioso, um teórico, tenta (quase sempre em vão) transmitir conhecimento e sabedoria aos colegas. É enigmático e melancólico.

Pedro, O Justiceiro (José Raposo)

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José Raposo é Pedro créditos: RTP

É a figura paternal do grupo e o equilíbrio dos ânimos mais exaltados desta equipa. Tem uma pequena horta mesmo no centro da cidade diz constantemente "lilaques" em vez de "laliques". José Raposo protagoniza um dos momentos mais hilariantes da série, ao levar a cabo o plano estrambólico de Renato para conseguir sacar os Laliques do museu da Gulbenkian.

Arnaldo, o Figurante (Manuel Marques)

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Manuel Marques é Arnaldo créditos: RTP

Se dúvidas houvesse sobre a versatilidade de Manuel Marques, a "Crónica dos Bons Malandros" desfá-las por completo. A interpretação deste bruto em estado puro e inalterado traz-nos vibes boas de algumas personagens de "Trainspotting" ou "Rock n Rolla". Arnaldo é com justiça o menos diligente dos delinquentes. Quis ser pugilista, a vida não deixou, bem como Adelaide não deixa que se aproxime, nunca cedendo às suas trapalhonas investidas românticas.

Silvino, o Bitoque (Rui Unas)

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Rui Unas é Silvino créditos: RTP

Já lá vão 17 anos desde "Os Imortais", filme que marcou a estreia de Rui Unas no cinema. E, ao longo de quase duas décadas, o ator / apresentador / humorista tem mostrado, sempre e consistentemente, que é realmente bom em tudo o que faz. "Crónica dos Bons Malandros" não é exceção. Silvino, de cognome Bitoque pela sua paixão por esta iguaria portuguesa, é o mais malandro dos malandros. Um, se podemos utilizar este termo, aldrabilhas. E a cena do primeiro episódio, no restaurante, é de chorar a rir. Spoilers? Não vamos fazer.

Adelaide, a Magrinha (Joana Pais de Brito)

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Joana Pais de Brito é Adelaide créditos: RTP

Ingénua, romântica e frágil, é constantemente amparada e protegida por Marlene. É uma solitária que ambiciona ser conquistada pelo seu príncipe encantado. Enquanto isso, vai atendendo clientes. Joana Pais de Brito é (e prova-o aqui mais uma vez) muito mais do que uma atriz que faz imitações.