A escritora Isabela Figueiredo gerou uma onda de indignação nas redes sociais depois de ter criticado o programa "O Preço Certo", da RTP, considerando-o um formato com "valor cultural nulo" e que "já não se justifica".
Num artigo de opinião publicado no "Expresso", a autora, vencedora do Prémio Urbano Tavares Rodrigues, questionou a pertinência de o programa continuar no ar. "Não aguento o chinfrim. Sempre foi mau, parou no tempo e tem valor cultural nulo. Para que estamos a financiar a nulidade com os nossos impostos?", escreveu, sugerindo que a estação pública substituísse o formato por "um programa de música e teatro para entreter antes do jantar".
As críticas ao formato apresentado por Fernando Mendes, emitido há mais de duas décadas e com elevados índices de audiência, rapidamente ficaram virais. Nas redes sociais, multiplicaram-se as reações indignadas. "A ignorância de quem se acha superior", "Opinião da elite bacoca" e "Perdeu uma bela oportunidade para estar calada" foram alguns dos comentários deixados por utilizadores.
Entre os rostos conhecidos que reagiram está Pedro Chagas Freitas, que publicou um texto em defesa da diversidade cultural. "Eu sou da terrinha. Eu adoro os livros da Isabela Figueiredo. Eu admiro o 'Preço Certo'. Eu vou ao teatro. Eu vejo futebol. Eu ouço música clássica. Eu como pão com chouriço. Eu vejo o 'Big Brother'. Eu amo Herberto Helder. Não somos todos uma coisa só", escreveu o autor.
Também Joana Amaral Dias criticou a escritora, acusando-a de "snobismo triste de quem acha que o povo é uma coisa menor". Num vídeo partilhado nas redes sociais, defendeu o programa da RTP como "o Portugal real, da gargalhada, da partilha e da autenticidade", acrescentando que "o que incomoda certos intelectuais não é o barulho do povo, é o facto de ele existir, feliz, livre e sem pedir licença".
A cantora Né Ladeiras juntou-se ao debate, afirmando que o texto de Isabela Figueiredo "transforma o gosto popular em culpa fiscal" e fala de "um mal-estar de uma elite que olha o povo com uma mistura de ternura e vergonha".
Também Luís Osório se pronunciou com algumas palavras, num dos seus "Postais do Dia", elogiando o apresentador por representar "os portugueses mais humildes, tratados sem artificialismos, paternalismos ou outros 'ismos'".
Perante a onda de críticas, Isabela Figueiredo recorreu novamente às redes sociais para se defender, dirigindo-se aos "supremos e orgulhosos ignorantes inconscientes da sua ignorância", que, segundo a autora, são "fruto de verem muitos 'Preço Certo' e programas de cultura zero". Num novo texto, insistiu na sua posição: "Serve para quê? O que se aprende? Nada. Nem os preços, que mudam todos os dias", concluiu.