O setor do turismo está sempre a inovar e a mais recente prova é o hotel-cápsula que foi desenvolvido pela empresa portuguesa Districthive LDA com uma ideia em mente: sustentabilidade. Isto porque o hotel, para já com apenas uma localização, em Espanha, é 100% autossuficiente e até o desperdício feito pelo hóspedes é transformado em cinzas para não deixar rasto da atividade humana na natureza. Aliás, o hotel quase que se confunde no meio dela.

Por fora, as madeiras assemelham-se aos troncos de árvores e as janelas espelhadas são como quadros da própria natureza em redor, e no interior é igualmente deslumbrante em todos os espaços que o compõe: uma casa de banho, uma cozinha-sala de jantar, um quarto (com capacidade para quatro hóspedes) e ainda um terraço.

O hotel-cápsula, denominado DistrictHive, foi concebido para ser levado para qualquer lado, mesmo onde a construção não é possível. Sendo cápsula, basta colocá-lo em qualquer ponto e, um dia que seja retirado, é como se nem lá tivesse estado, dado que não é uma construção feita de raiz (no fundo, é como uma nave aterrada em Marte graças ao tipo de construção, o podtel, que consiste numa sistema de suporte de fixação ao solo com quase dois metros) e não usa recursos do local onde está situado — é tudo gerado pelo próprio hotel.

E é com o conceito inovador do projeto desenhado por uma equipa internacional de arquitetos, engenheiros e designers de interior que a empresa pretende revolucionar o turismo. "Trata-se de um produto 100% autossuficiente, não necessita de serviços públicos, pode ser instalado em qualquer local ou terreno na Terra, ocupando, portanto, locais que até agora não estavam disponíveis para turismo de estadia", refere Pryiesh Patel, CEO do DistrictHive, à MAGG.

O que torna este hotel-cápsula mais sustentável?

Se dúvidas houver sobre o facto de ser totalmente autossuficiente, deixamos alguns exemplos: produz a própria água a partir do ar e eletricidade a partir da energia solar, tem armazenamento energético suficiente para quatro dias sem sol, tem um sistema de esgoto que transforma desperdício em cinza e as águas cinzentas são filtradas através de dois processos de filtragem para que a água possa ser usada na irrigação.

Esta espécie de nave que permite um completo relaxamento pelas comodidades e, ao mesmo tempo, uma quase nula pegada ecológica, já aterrou na Terra, mais precisamente no coração do deserto de Gorafe, em Granada, Espanha. Já é possível dormir no hotel e, uma vez instalado, tudo o que precisar posteriormente é feito através de uma aplicação (na qual também é feito o check in) que funciona por inteligência artificial.

A app, disponível para Android e iOS, permite saber os níveis de energia, água e temperatura do hotel e também abrir portas, controlar o odor no interior, a iluminação, o som, a TV e até comprar alimentos e bebidas. "A compra é feita na APP que abre automaticamente os fechos para aceder aos alimentos. Os produtos são adquiridos junto de marcas locais", esclarece o CEO sobre o funcionamento da aplicação.

Para já, está apenas disponível em Espanha, mas o objetivo é levar o DistrictHive para o mundo. Quanto a chegar a Portugal, há, pelo menos, essa vontade, mas só quando as "leis portuguesas evoluírem". "Neste momento são arcaicas e não permitem acomodar novas soluções tecnológicas com facilidade. Estamos a procurar parceiros no setor da hotelaria que possam estar interessados em expandir connosco para novas localizações, tal como demonstra o caso espanhol na Serra Nevada", diz Pryiesh Patel.

A estadia no DistrictHive em Gorafe custa desde 300€ por noite e pode fazer a reserva no site DistrictHive, na Booking ou na plataforma Airbnb.