Não é à toa que Inês Pereira Pina, 35 anos, ganhou o título de taróloga dos bebés: só em 2022, já previu o nascimento de 129 crianças, entre bebés nascidos e gravidezes confirmadas, uma tendência que se tem vindo a verificar ano após ano (ao todo, Inês acredita já ter previsto mais de 1000 nascimentos). A taróloga não recusa que os bebés são a sua imagem de marca, mas alerta que faz vários tipos de consulta.
"Há algo na minha energia que ajuda mulheres com dificuldade em engravidar a ter o teste positivo", diz Inês Pereira Pina à MAGG, algo sobre o qual já se tinha debruçado nesta entrevista. "Mas faço todo o tipo de previsões e consultas", salienta a taróloga, que inicia já esta segunda-feira, 31 de outubro, uma série de previsões mensais dos signos publicadas na MAGG.
E, ao contrário do que provavelmente imaginaria, fazer uma leitura através das cartas do tarot — uma ferramenta de comunicação com o mundo espiritual, tal como uma app, que lhe permite falar com os seus guias espirituais (entidades que nos acompanham) e transmitir uma mensagem que consiga perceber, como descreve Inês Pereira da Pina — não tem de ser presencial.
"Continuo a fazer consultas presenciais, mas tenho vários serviços. Posso fazer consultas por videochamada, com a duração de 30 minutos, através de mensagem de voz, onde respondo a duas questões colocadas pelos clientes, e agora tenho uma novidade. Só preciso de saber o primeiro e o último nome da pessoa e, com essas informações, faço uma leitura geral, enviada também por áudio. Faço previsões de curto a médio prazo, relacionadas com vida pessoal, profissional", descreve a taróloga, que faz questão de enviar todas as respostas e leituras por áudio. "Não há uma sincronia adquirida, só questões, por isso quero sempre que ouçam a minha voz."
Para Inês Pereira Pina, mais do que inovar, este novo serviço é uma ferramenta de trabalho. "É uma validação da minha capacidade. Não tenho nenhum contacto prévio com a pessoa, esta não me contou nada, e eu consigo fazer logo uma leitura geral só com dois nomes."
No entanto, a taróloga assume que não há muita diferença do que já acontecia. "Mesmo nas consultas presenciais, a pessoa não chega já a contar-me a vida toda dela. Ainda antes de fazer as questões, faço também uma leitura geral sem saber nada do cliente."
"Não vou fazer testes de COVID através de cartas de tarot"
Atenta às novidades e à inovação, Inês Pereira Pina está sempre à procura de novas formas de chegar até às pessoas. Começou com diretos no Facebook, passou para a aposta no Instagram — onde, na sua página, conduz iniciativas como a Carta da Semana, uma espécie de leitura interativa com as previsões semanais —, lançou vários tipos de consulta, inclusivamente as leituras gerais por áudio de WhatsApp, e até vai criar uma agenda para 2023 com dicas de espiritualidade.
E nada abrandou com a pandemia. "Acho que as pessoas até recorreram mais durante estes últimos dois anos, o meu livro foi mais comprado, não senti mesmo uma quebra. Estive mais presente online, mas as preocupações das pessoas mantiveram-se um pouco as mesmas, tinha muitas questões sobre bebés, e talvez tenham existido mais relacionadas com a parte financeira, que preocupava muita gente."
No entanto, a taróloga dos bebés marcou logo uma fronteira. "Fiz questão de me afastar do tema COVID. Existiam muitos tarólogos a dizer 'faça consulta comigo para saber se vai ter COVID', e avisei logo que não valia a pena fazerem essas perguntas. Não vou fazer testes de COVID através de cartas de tarot, não sou médica, nem nunca quis substituir os médicos. Acho que a ciência e a espiritualidade podem agir como equipa, mas não substituo ninguém."
"A partir do momento em que digo que sou taróloga, perco credibilidade"
Inês Pereira Pina é licenciada em jornalismo, tem um mestrado em gestão estratégica de turismo e vive do seu trabalho como taróloga, não tendo qualquer outra atividade profissional paralela. Mas, ao trabalhar por conta própria, é também empresária.
"Tenho uma empresa como tantas outras pessoas, pago impostos altíssimos, mas as pessoas ainda olham para mim de forma diferente consoante a forma como me descrevo. Se não me conhecerem de lado nenhum, olham para mim, e têm uma imagem. Digo que sou empresária, também ficam com uma imagem. A partir do momento em que digo que sou taróloga, perco credibilidade. É mesmo muito diferente a forma como me olham e respeitam, é quase como se houvesse a Inês empresária e a Inês taróloga."
Mas mesmo numa sociedade mais aberta ao que é novo, o tarot ainda é olhado com preconceito? "As coisas estão a abrir aos poucos, mas depende das áreas. Se falamos em terapias holísticas, há mais aceitação, mas quem lê cartas ainda é a burlona. Mas não tenho assim tantos haters, e já me deixei afetar mais por esse preconceito. E as consultas que me dão mais gozo são as que faço a céticos", afirma Inês Pereira Pina.
Em todos os anos em que lê cartas de tarot de forma profissional, a taróloga recorda apenas uma situação mais chata. "Houve uma pessoa descontente, que me ameaçou juridicamente, até. Era irmã de uma cliente que tinha feito leituras comigo, e que não engravidou no espaço de tempo que eu previ."
No entanto, Inês Pereira Pina é a primeira a salientar que não faz milagres, e o tarot lê uma tendência. "Não há verdades adquiridas no tarot, nós lemos uma orientação. Mas é tudo uma equação com vários elementos: há energias externas, que são as outras pessoas, as invejas e os trabalhos de magia para prejudicar; as influências do mundo espiritual, o destino da pessoa; mas há também o livre arbítrio. Por exemplo, a pessoa pergunta-me se vai passar no exame de código. Eu vejo uma tendência que aponta nesse sentido e digo que sim. Mas se a pessoa não estuda nada, chumba. É nesse sentido que aquilo que escolhemos fazer também representa um papel. O tarot dá uma tendência e eu leio a tendência, mas não dou garantias."
E Inês Pereira Pina tem uma missão: descomplicar. "Desmistificar, trazer leveza ao tema da espiritualidade, descomplicar, no fundo. Daí usar tanto as ferramentas digitais."
Uma consulta através de videochamada tem o custo de 70€ (30 minutos), as duas questões por WhatsApp custam 30€, e o novo serviço da leitura geral mais duas questões, também pela app, custam 45€. As consultas presencias sobem para os 90€, sendo que presencial ou por videochamada com urgência (em que Inês faz uma leitura de um dia para o outro, muitas vezes fora do seu horário habitual) têm o valor de 100€.