Daniel Prieto Ferre asfixiou a mulher, Sandra Rocha, até à morte e manteve o corpo em casa durante três dias. Depois, abandonou-o nu e enrolado num edredão, numa zona de mato, em Penafiel, onde foi encontrado por civis a 28 de fevereiro. Tentou incriminar o pai da vítima, também já notificado por violência doméstica, alegando que seria o verdadeiro responsável pelas agressões, mas o resultado da autópsia não deixou espaço para dúvidas: o companheiro de Sandra Rocha foi o autor do crime.

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Dado o historial do casal, este homem de 40 anos e de nacionalidade espanhola, foi desde o primeiro momento apontado como o principal suspeito do homicídio, avança o "Correio da Manhã".  Sandra e Daniel conheceram-se em Espanha e terá sido a partir daí que esta mulher de 30 anos começou a ser alvo de violência doméstica.

Sandra chegou a ser arrastada na rua pelo companheiro, que seria o pai do seu filho caso este não a tivesse agredido enquanto estava grávida, fazendo com que perdesse o bebé. Fez várias queixas às autoridades espanholas, que proibiram o contacto entre ambos. No entanto, recusou a utilização de pulseira eletrónica, dispositivo de alarme que avisaria as autoridades da aproximação do companheiro, e acabou por perdoá-lo e fugir com ele para Portugal, onde as discussões de carácter violento terão continuado.

A 28 de fevereiro, o corpo de Sandra Rocha foi encontrado numa zona de mato em Rio de Moinhos, Penafiel, sem qualquer objeto que a pudesse identificar. O corpo estava nu, com sinais de asfixia e embrulhado num edredão. A família só foi contactada pela Polícia Judiciária depois de o corpo ter sido reconhecido no Instituto de Medicina Legal.

Um mês depois, a 28 de março, Daniel Prieto Ferre acabou detido pela Polícia Judiciária do Porto. No entanto, à data, alegou que Sandra e o pai mantinham uma relação incestuosa e que, tal como podia ser comprovado através de uma queixa feita pela vítima contra o pai, na véspera de Natal, em 2021, por violência doméstica, este poderia ser o autor do crime.

Ainda assim, apesar do testemunho de Daniel Prieto Ferre, o resultado da autopsia ao corpo da vítima, suportada pela investigação policial, levou as autoridades a concluir que era o companheiro o responsável pelo crime. De acordo com o "Correio da Manhã", indicado por homicídio qualificado e profanação de cadáver, o agressor foi esta quinta-feira, 31, presente a um juiz de instrução criminal de Penafiel e ficou em prisão preventiva.

"Ninguém imagina a dor de perder uma filha"

A mãe de Sandra Rocha já se manifestou através das redes sociais, onde pediu que fosse feita justiça. "Hoje sinto uma grande revolta dentro de mim por saber quem tirou de mim a minha rica filha. Eu só peço que se faça justiça", lê-se. "Espero que pague bem caro pelo que fez à minha estrelinha, Sandra. Ninguém imagina a dor de se perder uma filha", acrescentou.

Ainda antes de o resultado da autópsia confirmar o autor do homicídio, Daniel Prieto Ferre já teria sido indicado como principal suspeito. No entanto, contra a vontade da família da vítima, marcou presença no funeral, onde negou e descartou a culpa pela morte da mulher. "Perguntei se ele lhe tinha feito mal e ele disse logo que não. Que era verdade que às vezes se batiam, mas que não a matou", contou uma amiga da vítima, que falou diretamente com o companheiro de Sandra.

"Contou-me que ela tinha saído da casa onde viviam dias antes de aparecer morta e que levou com ela a mobília e todos os bens e que deixou de saber do seu paradeiro", acrescentou, em declarações citadas pelo "Correio da Manhã". A mesma versão foi contada às autoridades pelo agressor.

Violência doméstica é o crime mais cometido em Portugal

De acordo com o "Diário de Notícias", a Polícia de Segurança Pública (PSP) reportou mais de 215 mil casos de violência doméstica desde que este crime passou a ser público, em 2000, e nos primeiros dez meses de 2021, registou mais de 11.400 denúncias.

Apesar de ainda ser o crime mais cometido em Portugal, a PSP tem vindo a registar uma tendência de diminuição de denúncias. Ainda assim, a polícia sublinha o aumento do número de detidos, tendo registado 732 detenções em 2021 (557 em 2019 e 723 em 2020), lê-se na mesma publicação.

Segundo dados do Relatório Anual do Sistema de Segurança Interna, registou-se uma ligeira diminuição das queixas do crime de violência doméstica em 2020, o ano marcado pelo início da pandemia da COVID-19. Ainda assim, em 2020, registaram-se 32 vítimas mortais em situações de violência doméstica.  

Das vítimas, 27 foram mulheres, três homens e duas eram crianças (uma do sexo masculino, outra do sexo feminino), de acordo com os dados disponibilizados pela Polícia Judiciária, GNR e Procuradoria Geral da República, citados pela CNN Portugal.

Contactos úteis

  • Linha de Apoio à Vítima (chamada gratuita) - 116 006
  • Linha de informação ás vítimas de violência doméstica - 800 202 148
  • Infovitimas.pt
  • Linha de Saúde 24: 808 24 24 24
  • Número Nacional de Socorro: 112
  • Linha Nacional de Emergência Social: 144