
O caos da correria para os bilhetes para o concerto de Bad Bunny no Estádio da Luz parece ter piorado com o tempo. Nas redes sociais, foram vários os internautas que se queixaram da organização da Meo Blueticket, site onde se fazia a compra dos bilhetes, uma vez que as filas de espera tinham horas (a MAGG ficou durante oito horas na fila) e o site muitas vezes dava erro, fazendo com que as pessoas voltassem para o fim da fila depois de chegar a sua vez.
No entanto, o que está agora a deixar os internautas chateados é o facto de os bilhetes, mesmo depois de comprados, terem ido parar às mãos de outras pessoas. Confusos? Nós explicamos.
Ao que tudo indica, pelos vídeos que têm sido publicados nas redes sociais, nomeadamente no TikTok, há pessoas que esperaram na fila, confirmaram a aquisição do bilhete com o seu banco, compraram efetivamente o bilhete e, depois, o site deu erro e voltaram para a fila. Mesmo depois de receberem a carta verde, ou seja, após estar confirmada a aquisição, os bilhetes nunca foram entregues.
Isto aconteceu com várias pessoas, que tentaram perceber nas redes sociais se mais alguém estava na mesma situação. Nos vídeos, explicam que o site estava constantemente a dar erro, e que toda a gestão para os concertos, que vão ser a 26 e 27 de maio de 2026, estava a ser demasiado caótica.
“Na quinta-feira [8 de maio], abriu então a pré-venda para o concerto, que foi muito mal organizada desde logo”, conta Joana Silva, uma das internautas que expôs a situação, à MAGG. “Nem a Meo Blueticket nem a Live Nation avisaram que quem entrasse pela Meo Blueticket entrava na fila de espera primeiro, então mesmo estando na pré-venda, havia pessoas à frente."
Acontece que Joana Silva não conseguiu comprar bilhetes no dia 8, uma vez que a espera foi tão grande que quando chegou a sua vez só existiam bilhetes VIP, muito mais caros do que aquilo que estava disposta a pagar. No entanto, foi revelado no mesmo dia que Bad Bunny iria dar um segundo concerto em Portugal, e decidiu então tentar a sua sorte na sexta-feira, 9 de maio, dia em que os bilhetes foram colocados à venda para o público geral. Mas foi aí que tudo começou a correr mal.
“Acabei por conseguir selecionar seis lugares, e na altura do pagamento, paguei com o meu cartão bancário, já que estamos a falar de 837€, a pensar que tudo estava a correr bem. Então, basicamente, eu acrescentei o meu cartão bancário, apareceu uma autorização por parte do homebanking para autorizar a compra, tudo certo, começou-se uma compra online normal e o pagamento foi aceite logo”, explica Joana Silva. “A página recarregou e dizia pagamento concluído, e tinha até um check verde, dizia lá reserva concluída e tinha o número”, acrescenta.
No entanto, quando a página acabou de carregar, Joana Silva foi colocada novamente no fim da fila de espera. “Dizia ‘pagamento pendente’, e depois tinha uma contagem decrescente de 32 segundos. Eu esperei que aquele tempo passasse, mas aquilo mandou-me novamente para o início da fila. Fui ver a minha conta bancária, o valor tinha sido debitado. Entretanto, os bilhetes nunca mais chegavam. 14h, 15h, 16h, 17, 18, 19 horas da noite e eu ainda não tinha os bilhetes."
Preocupada, Joana Silva ligou para a linha de apoio da Meo Blueticket, e aí começou outro problema. “Estava a ficar preocupada porque paguei um valor muito alto, então liguei para a linha de apoio. Eles foram muito simpáticos, mas também não conseguiram resolver muito”, conta. Joana Silva refere que fez duas compras, uma para seis bilhetes e outra para três, e que esses três bilhetes conseguiu efetivamente ter. Os outros seis, com o valor de 837€, não sabia deles.
“Eles só têm acesso aos bilhetes, às faturas e ao número de referência de compra, não têm acesso a mais nada. A funcionária disse-me que ia proceder ao envio dos dois links, e quando ela disse dois, eu pensei que era das duas compras de bilhetes que fiz, mas percebi que ela tinha enviado o mesmo link duas vezes”, continua Joana Silva. Contudo, ao expor a situação novamente à linha de apoio, estes disseram-lhe que a jovem não tinha mais compras efetuadas no seu nome, e que devia perceber o que tinha acontecido junto do seu banco.
O mesmo aconteceu com outros tantos internautas, que se viram na obrigação de pedir justificações aos seus bancos. No entanto, a verdade é que em nada esta situação tinha que ver com a insituição bancária de cada pessoa, uma vez que, como foram feitas as autorizações, os bancos transferiram logo o dinheiro para a Meo Blueticket. Ou seja, o dinheiro das pessoas já estava do lado das empresas que venderam os bilhetes.
“Tornei outra vez a ligar para a linha de apoio, ao qual me disseram que este tipo de assuntos só pode ser tratado por e-mail. Enviei três emails. Na sexta-feira à noite responderam-me da Meo Blueticket a dizer que iam proceder à devolução do dinheiro, e basicamente deram uma justificação de que foi um atraso na transação do pagamento, que não são eles que tratam destas transações e sim uma empresa externa”, conta Joana Silva. “Esse tal problema fez com que os bilhetes tornassem a ficar outra vez disponíveis e o valor foi na mesma debitado”, acrescenta.
Uma vez que os bilhetes voltaram a ficar disponíveis, o que aconteceu foi então que outras pessoas conseguiram comprar esses lugares, apesar de o valor deles ter sido debitado da conta de quem os comprou primeiro. Joana Silva teve assim o seu dinheiro de volta, mas viu-se obrigada a comprar o pacote VIP, 200€ mais caro a cada pessoa, por a Meo Blueticket e a Live Nation não se responsabilizarem pelo que aconteceu. “Eles não querem saber a nível de compensações."
A verdade é que algumas pessoas, passado algumas horas, acabaram mesmo por receber os seus bilhetes, e a outros tais constrangimentos não aconteceram. No entanto, há ainda muitos internautas a queixarem-se de que não receberam qualquer bilhete depois de o terem comprado, e há também quem tenha recebido um um reembolso sem aviso prévio das empresas. Acontece que os únicos bilhetes disponíveis atualmente, tanto para dia 26 como para dia 27, são os VIP, cujos valores estão entre os 370€ e os 585€.