Nuno Ferreira é médico ortopedista e, mal a pandemia ditou que as saídas à rua fossem comedidas, começou a receber dezenas de mensagens de amigos e pacientes a tirarem dúvidas à distância de uma SMS ou de um telefonema. Não tardou a levar esta ajuda online a outras pessoas, com a participação de mais colegas de trabalho.
Criou, juntamente com Carlos Menezes e Ricardo Ferreira, o grupo de Facebook "Médicos Portugueses disponíveis para esclarecer dúvidas online **COVID-19" e é lá que, desde quinta-feira, dia 12 de março, as pessoas podem recorrer para ver respondidas algumas das questões mais comuns sobre o vírus.
Ainda que agora o grupo esteja essencialmente focado no tema, inicialmente, a ideia de Nuno era dar resposta a questões de diversas especialidades médicas. "E ainda o fazemos, mesmo que algumas especialidades, como a minha, exijam contacto físico", refere à MAGG. Ainda assim, já deu consultas por vídeo, conselhos por mensagens e já teve de receitar medicamentos à distância.
E, de facto, basta uma vista de olhos pelo grupo para perceber que dele fazem parte médicos de todas as especialidades, desde nutricionistas a dentistas, medicina interna ou especialistas em cirurgia maxilofacial. Neste momento, são já dezenas os médicos disponíveis para dar resposta e, ainda que o grupo seja público, Nuno garante que 99% das respostas é dada por profissionais de saúde. "As pessoas têm respeitado muito isso para evitar a proliferação de informação errada", garante e, em caso de dúvida, o paciente pode sempre clicar no perfil da pessoa que está a responder, que estará sempre identificada como médico.
Agora, uma semana depois da criação do grupo, todas as atenções estão viradas para o COVID-19, ainda que os médicos possam responder a questões específicas de cada área. Há quem pergunte sobre as temperaturas, sobre medicamentos, sobre sintomas como tosse ou dores de cabeça mas, a maioria, garante Nuno, são dúvidas relativas a grupos de risco. "As pessoas contam o historial e querem perceber se têm que ter algum cuidado em especial", refere o médico.
Sem dados ou números oficiais — "não é esse o objetivo", garante — Nuno tem a certeza que já evitaram muitas idas às urgências, "aquele que era o objetivo principal deste grupo". Sem conseguir contabilizar o número de médicos "de serviço", o fundador do grupo garante que só nas últimas 48 horas, tem 33 médicos a responder ativamente a questões, dos quais um psiquiatra, quatro dentistas, três psicólogos, três enfermeiros, três nutricionistas e ainda 12 estudantes de medicina.