Susannah Ford, diretora de arte em Londres, foi diagnosticada com COVID-19 na primeira semana de junho e acredita-se que pode ser o novo "paciente zero" do Reino Unido, uma vez que pode ter contraído o vírus um mês antes do primeiro caso confirmado no país. A mulher de 53 anos já tinha estado doente a 6 de janeiro, dois dias depois de regressar ao Reino Unido de umas férias com o marido e as duas filhas numa estância de ski em Obergurgl, Áustria.

"Não fomos a nenhum clube ou discoteca, jantávamos no hotel todas as noites e depois íamos, em segurança, para a cama", revelou ao jornal "The Sunday Times". Ford aponta para a possibilidade de ter ficado infetada ao tocar em coisas como os instrumentos de ski ou nos botões de elevação.

Na altura Susannah Ford foi a única da família que adoeceu, pensando que estava relacionado com uma anterior viagem a Trinidad. Não teve tosse ou febre, mas passado pouco tempo foram aparecendo mais sintomas que levaram a que considerasse a hipótese de ter COVID-19.

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Foi então na primeira semana de junho que Ford fez o teste que deu positivo para a COVID-19. Susannah está convencida de que teve o vírus quando esteve doente em janeiro. "Não posso provar que foi na altura, mas não estou doente desde então ou entrei em contato com pessoas infetadas", disse.

O resultado do teste de anticorpos leva então a que se acredite que a diretora de arte seja o novo "paciente zero" da Grã-Bretanha por ter contraído o vírus em janeiro, pouco menos de um mês antes de serem revelados os primeiros casos do vírus no Reino Unido, a 29 de janeiro, quando dois cidadãos chineses adoeceram em York.

"Acho que o vírus existe no Reino Unido há muito mais tempo do que o governo e a Sage [grupo consultivo científico para emergências] admitiram", revela Angus Dalgleish, professor de oncologia do St George's Hospital em Londres, de acordo com o "The Sun". O médico acrescenta ainda que isto mostra que há "uma tremenda falta de entendimento sobre aquilo com que estamos a lidar".

A mulher descreve os sintomas do surto como algo doloroso: "Parecia a morte", disse, "doía terrivelmente em todos os músculos e articulações durante cinco dias e fiquei muito atordoada até para ir ao prémio Eliot por poesia", refere a Ford, que é diretora da Forward Arts Foundation, uma organização que promove a poesia em Londres.

Tal como Susannah Ford, muitos dos primeiros casos de COVID-19 na Europa foram registados em pessoas que regressaram de férias em estâncias de ski na Áustria.