É uma situação verdadeiramente dramática e sem um fim previsível à vista. O pequeno submarino Titan, que fazia uma expedição ao fundo do mar para ver os destroços do Titanic, ficou preso numa parte do navio afundado e perdeu contacto com o barco-mãe, que ficou à superfície. A bordo do submarino estão cinco pessoas, entre elas o multimilionário inglês Hamish Harding. O pequeno Titan tem uma reserva de oxigénio limitada e será suficiente até, segundo cálculos da empresa, à próxima quinta-feira, 22 de junho, perto da hora de almoço. O relógio está em contagem decrescente. Mas há uma situação muito complicada de resolver: é que o submarino está num nível de profundidade tão baixo que é impossível a outros submarinos conseguirem levar a cabo uma operação de resgate. A solução terá de passar por um aparelho totalmente robotizado.
A expedição ao fundo do mar para ver os destroços do Titanic foi organizada pela OceanGate Expeditions. O próprio CEO da empresa, Stockton Rush, está a bordo do submarino que às 4 da manhã deste domingo se aventurou no fundo do mar, a 700 quilómetros da costa canadiana, onde se situam os destroços do Titanic. Ao todo, são cinco os passageiros do Titan. Para lá do multimilionário Hamish Harding viaja ainda o explorador francês PH Nargeolet.
Ao fim de uma hora e 45 minutos de descida, o pequeno submarino perdeu contacto com o barco-mãe, o MV Polar Prince. A última comunicação entre as embarcações foi feita às 10 horas de segunda-feira, quando o submarino estava já mesmo por cima dos destroços do Titanic, onde terá ficado preso. O alerta foi dado pelo Polar Prince apenas às 21 horas de segunda-feira, 19, depois de ter perdido comunicação com o Titan onze horas antes.
De acordo com o "Daily Mail", e especialistas em submarinos receiam que o navio seja demasiado profundo para que um submarino de salvamento tripulado consiga levar a cabo uma operação de socorro. Por exemplo, um submarino da Marinha dos Estados Unidos está limitado a descidas a 2 mil pés, e o Titanic está aproximadamente a 4 mil pés de profundidade. A única solução será mesmo a de conseguir usar um submarino operado por computador de forma remota.
O contra-almirante John W. Mauger, da Marinha norte-americana, que está a coordenar a missão de socorro, garantiu esta segunda-feira que a Guarda Costeira dos Estados Unidos está a trabalhar "o mais possível" para resgatar o Titan, até porque, como disse, "há vidas em risco".
John Mixson, um antigo guarda-costeiro e especialista em submarinos, garantiu, no entanto, em declarações à Fox News, que esta se tratava de uma "situação extremamente séria e terrível". "É difícil dizer, sempre que se perde totalmente as comunicações numa situação como esta, o que realmente aconteceu até se encontrar o navio. Esta não é uma ocorrência comum. Obviamente, algo muito rápido e muito trágico aconteceu".
Outro antigo contra-almirante, Chris Parry, falou também sobre esta situação à Sky News e mostrou grande preocupação. "É muito preocupante. Pode ter ficado emaranhado nos destroços do Titanic, ainda temos a certeza. O local dos destroços está muito longe de qualquer sítio. A única esperança que temos é que a nave-mãe tenha uma embarcação de reserva que possa investigar imediatamente o que se está a passar".
Não tem como se orientar
Os submarinos Titan não têm forma de se orientar sozinhos debaixo de água e dependem das comunicações do barco-mãe com instruções precisas sobre o que fazer e para onde ir, e é isso que pode estar também a agravar a situação. Isto acontece porque o submarino turístico é classificado como um submersível e não como um submarino, porque não funciona como uma embarcação autónoma e depende do apoio de um barco. Já no ano passado, um jornalista da CBS testemunhou uma situação idêntica, quando o barco perdeu contacto com o Titan e o pequeno submarino desviou-se da rota e andou perdido durante duas horas e meia antes de regressar, mas nenhuma das pessoas a bordo ficou ferida.
A expedição aos destroços do Titanic demora 8 dias e tem um custo total de perto de 250 mil euros por pessoa. Um dos visitantes é o bilionário Hamish Harding, um fanático pelas explorações, e diretor-executivo da Action Aviation, no Dubai. Ele já foi turista no espaço, visitou o polo norte e o polo sul e detém três recordes mundiais do Guinness — incluindo o do maior tempo passado no fundo do mar.