Há precisamente três meses espreitámos o novo Museu do Futuro, no Dubai, que apesar de inaugurado a 22 de fevereiro de 2022 prevê aquilo que podemos ter em poucos anos. Na altura ficámos incrédulos e ao mesmo tempo com a sensação de ser apenas um museu onde o futuro fica pelos protótipos, mas as casas da Ocean Builders, sediada no Panamá, provam que este já está em marcha.

A empresa está a desenvolver casas flutuantes. Denominadas Seapod e localizadas no Panamá, país na América Central, estas têm um objetivo: fazer face à falta de espaço para habitação em destinos de praia populares.

O projeto idealizado por Rüdiger Koch, diretor de engenharia da Ocean Builders, juntamente com o diretor executivo Grant Romundt, conseguiu então reduzir o espaço necessário ao colocar várias casas a alguns metros acima do nível do mar, garantindo todos os benefícios de estar perto do mesmo.

Imagine-se só o amanhecer.

Seapod da Ocean Builders
créditos: oceanbuilders

"Há algo de mágico no facto de nos levantarmos de manhã, descermos as escadas, saltarmos para uma prancha de paddle e irmos treinar", refere Grant Romundt, que já teve a experiência de viver numa casa flutuante em Toronto, à CNN.

As que já estão em fase de construção na Marina de Linton Bay, na costa norte do Panamá, são cápsulas que terão cerca de 73 metros quadrados de espaço útil, incluindo um quarto principal, sala, cozinha e casa de banho, distribuídos por três níveis e meio, com janelas panorâmicas para tirar total proveito da vista para o oceano.

Para flutuarem a 2,2 metros do mar, as cápsulas estão sobre mais de 47,7 metros cúbicos de tubos de aço cheios de ar, concebidos para não afetar a vida marinha — não fossem estas "as primeiras casas ecorrestauradoras do mundo".

A empresa explica que as casas flutuantes atuam como "dispositivos de agregação de peixe, porque sempre que se põe algo na água que faz sombra, atrai vida marinha". Assim vão proporcionar "um habitat natural para a vida marinha ocupar e prosperar".

"Não atingimos a perfeição neste momento, mas estamos a tentar melhorar cada vez mais", afirma Grant Romundt. A sustentabilidade é assim um ponto assente neste projeto, que beneficia da tecnologia nesta e noutras áreas.

Aqui, a Siri do telemóvel é a casa toda

A forma de chegar a cada cápsula SeaPod é incontornável: de barco, jet ski ou táxi aquático local. Ainda não foram criadas naves sem emissões de carbono ou opções de teletransporte para minimizar o impacto do combustível no mar, mas outras ideias compensam os escassos minutos para chegar aos "luxos da vida moderna".

Eis alguns exemplos:

  • "Anéis inteligentes" especiais para destrancar portas e ligar a música com um aceno de mão;
  • A casa funciona como uma assistente digital no seu todo (e não é apenas uma Siri nos telemóveis);
  • Drones personalizados para entregar bens como alimentos e medicamentos, bem como "produtos menores do dia a dia";
  • Embarcação autónoma separada para entregas maiores e para proceder à reciclagem oceânica, recolhendo lixo e detritos para manter a área circundante limpa.

Por tudo isto, os criadores comparam as SeaPod aos equipamentos da gigante Apple pelo elevado nível de tecnologia que incorporam. "Se a Apple tivesse construído uma casa, acho que acabaria por criar o SeaPod, ou o GreenPod, ou o EcoPod", disse Grant Romundt.

O futuro está mesmo a acontecer e as várias casas flutuantes da Ocean Builders deverão começar a ser vendidas online ainda em 2022. Isto significa que aqueles que conseguirem comprar uma habitação a 2,2 metros acima do mar — que custa entre 295 mil e 1,5 milhões de dólares (ligeiramente menos em euros) — poderão mudar-se até ao fim de 2023.

Mesmo que comprar esteja fora de questão, saiba como vai ser o futuro.