A ideia era simples. Pais com dinheiro pagavam a um responsável pelo processo de admissão dos alunos para que os filhos passassem a frequentar as universidades onde só os melhores entram. Para isso, esses alunos eram admitidos segundo o estatuto de atleta universitário, isto independentemente das suas capacidades desportivas.
O caso começou em 2011 mas só foi identificado agora, quando as autoridades chegaram àquele que seria o cabecilha do esquema. William Rick Singer, de 58 anos, está à frente da Edge College & Career Network LLC, uma empresa de consultoria de admissões em faculdades e é agora acusado de ter fundado a Key Worldwide Foundation, uma instituição de caridade falsa criada para receber subornos. Além disso, durante anos construia perfis falsos dos alunos para que se aproximassem o mais possível de um atleta capaz de fazer parte das equipas de desporto de universidades como como Yale, Georgetown, Stanford e a Universidade do Sul da Califórnia, todas elas consideradas de elite.
A atriz Felicity Huffman, conhecida pelo seu papel na série "Donas de Casa Desesperadas", e casada com o também ator William H. Macy, é um dos 33 pais envolvidos no esquema. Acabou detida, ainda que libertada sob compromisso de comparecer em tribunal, e é acusada de ter pago 13 mil euros em troca de ver a filha Sophia entrar na Universidade do Sul da Califórnia. Esse dinheiro foi disfarçado como doação para a caridade.
Já a atriz Lori Loughlin, conhecida pelo seu papel em "Full House", terá pago 443 mil euros para assegurar que as filhas, Isabella e Olivia, fossem recrutadas para a equipa de remo da mesma universidade, ainda quem nem sequer pratiquem a modalidade.
Envolvidos no esquema estão também os treinadores das equipas que recebiam parte do valor pago pelos pais para fazer dos filhos atletas.
Ainda assim, Andrew E. Lelling, procurador dos Estados Unidos para o distrito de Massachusetts, já veio a público dizer que "os pais são os principais responsáveis pela fraude". Numa conferência de imprensa, reafirma que foram eles que usaram o poder financeiro para criar um processo de admissão paralelo ao oficial. "As principais vítimas desta história são os estudantes que se esforçam realmente para entrar na universidade de forma correta" e que foram desviados do processo de admissão para dar lugar a "estudantes muito menos qualificados e cujas famílias tão simplesmente compraram o seu caminho".
As autoridades referiram ainda que este esquema, a funcionar há oito anos, movimentou mais de 22 milhões de euros.