Tiago André Lopes é professor na Universidade Lusíada do Porto e comenta política externa na CNN Portugal. Durante a tarde de dia 6 de março, quinta-feira, o professor universitário esteve a comentar em direto na CNN uma reunião em curso no Conselho Europeu enquanto estava a dar uma aula a uma turma da Universidade Lusíada. Um dos alunos acabou por registar o momento num vídeo que já está viral nas redes sociais. “Silêncio. Estamos em direto”, pode ler-se no quadro branco da sala de aula.
Nas redes sociais, as opiniões estão divididas. Há quem não veja nenhum problema no sucedido e até quem acredite que é uma forma de “inspirar os alunos”. Contudo, há quem se mostre contra e defenda que se está a silenciar os alunos “porque há outros interesses ou prioridades”. “Que bonito. Ao invés de dar aulas faz trabalho para um canal de televisão”, pode ler-se num comentário. “O respeito de ensinar é zero”, escreveu outro internauta.
À MAGG, Tiago André Lopes revela que, na verdade, as redes sociais distorceram o real contexto em que o direto aconteceu. “Foi uma aula de substituição e de compensação. Fui substituir um colega que dava aulas das 16 às 18 horas e eu tinha uma aula minha que estava em atraso das 14 horas às 16h da cadeira de Organizações Políticas e Internacionais. Como era um bloco de quatro horas — e eu detesto aulas teóricas de quatro horas —, decidi fazer uma dinâmica com os alunos, portanto, eu decidi simular com eles o Conselho Europeu, uma discussão sobre o orçamento”, explica o comentador da CNN Portugal à MAGG.
“Por acaso, a CNN ligou-me às 13h40 a pedir se eu podia fazer direto a partir das 14 horas. Como a aula estava escalada para começar às 14h10, eu desci à sala e disse aos alunos: ‘Eu vou entrar e, se não se importarem, vou fazer direto e começamos a aula um bocadinho depois’ e os alunos disseram que sim”, acrescenta ao referir que disse aos alunos que poderiam esperar fora da sala de aula. No entanto, foram os mesmos que mostraram interesse em assistir ao direto.
Tiago André Lopes refere ainda que o aluno que gravou o vídeo que está no centro da polémica lhe pediu autorização e que, por achar que o conteúdo seria apenas para mostrar em casa aos pais, deixou que o mesmo o gravasse.
De acordo com o professor universitário, quando uma primeira página republicou o vídeo, o aluno pediu para que o conteúdo, que estava cada vez mais viral, fosse apagado. E foi isso que aconteceu. Contudo, o vídeo foi, entretanto, partilhado por vários outros perfis nas redes sociais e, segundo o que Tiago André Lopes conta à MAGG, foi descontextualizado.
No que diz respeito à reitoria da Universidade, o comentador refere que esta não sabia na altura, mas que foi depois informada, assim como o diretor da Faculdade de Direito e “consideraram isto uma atividade normal pedagógica”.
Tiago André Lopes destacou ainda que, no contrato que mantém com a CNN Portugal, está explícito que não faz diretos em sala de aula e que a estação televisiva sabe os seus horários.
“Em casos extraordinários, eles podem ligar a perguntar se eu estou disponível. Neste caso, eu só estava disponível porque era o mesmo tema [da aula] e achei que seria interessante eles [os alunos] assistirem à discussão, porque lançava a seguir a simulação”, concluiu.
Tiago André Lopes esteve, recentemente, envolvido numa outra polémica. Em 2018, lecionava em Carachi, no sul do Paquistão, no IBA (Institute of Business Administration), onde foi acusado de convidar vários estudantes para o seu quarto, de lhes oferecer vinho e de propor práticas sexuais em troca de melhores notas. Com base numa fonte anónima ligada à instituição, um jornal local garante existirem provas do assédio sexual.
Ao "Correio da Manhã", o professor negou todas as acusações. "O caso nasceu de uma mentira contada por um funcionário paquistanês do instituto universitário", que terá tentado "extorquir dinheiro", segundo Tiago Ferreira Lopes.