
A publicação conjunta de Vanessa Ricarte, 42 anos e Caio Nascimento, 47, feita em dezembro de 2024, a anunciar aos seguidores que iam casar-se, é a prova de que o que parece perfeito nas redes sociais, esconde uma realidade muito pouco cor-de-rosa.
Esta quinta-feira, 13 de fevereiro, a jornalista foi morta à facada pelo ex-noivo. O crime aconteceu em Campo Grande, Mato Grosso, no Brasil. Horas antes de ter sido assassinada de forma selvática, Vanessa tinha ido à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) para denunciar as ameaças de que era alvo e chegou mesmo a obter uma medida de proteção contra o ex-companheiro, segundo o "Correio do Estado".
A mesma publicação indica que, em áudios enviados a uma amiga, a jornalista se tinha queixado da indiferença com que foi tratada pela delegada responsável, alertando para a dificuldade que mulheres em situação de vulnerabilidade enfrentam ao pedir ajuda. Chegou mesmo a dizer que se sentia "esgotada e perdida". "Eu que tenho instrução, fui tratada desta maneira, imagina uma mulher vulnerável que chega lá, sem rede de apoio nenhuma. Essas é que são mortas, essas é que vão para a estatística do feminicídio", confessava Vanessa à amiga.
Após obter a medida de proteção, Vanessa regressou à casa que partilha com Caio para recolher os seus pertences, acompanhada de um amigo. Foi, então, atacada pelo ex-noivo, que lhe desferiu três facadas no peito. O amigo conseguiu trancar-se com Vanessa num quarto e chamar a polícia, mas a jornalista não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital. Caio Nascimento foi detido em flagrante no local do crime e, posteriormente, colocado em prisão preventiva. O músico tem um longo historial de violência contra mulheres, tendo sido denunciado em 14 processos, dois dos quais da mãe e da irmã, relata o G1. Em 2021, chegou mesmo a ser detido por ameaças.
De acordo com o G1, a 29 de janeiro, duas semanas antes das agressões que terminariam na morte da jornalista que trabalhava como chefe da assessoria de comunicação do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul, o casal tinha dado entrada com a documentação para oficializar o casamento. No entanto, a relação ter-se-ia degradado.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, entre 2015 e 2023, foram registados 10.655 casos de feminicídio no Brasil. Em 2023, ocorreram 1.463 feminicídios, representando um aumento de 1,4% em relação a 2022.