A pesquisa foi feita entre os dias 13 de julho e 14 de outubro deste ano e os resultados divulgados esta quarta-feira, 12 de novembro, pela  Sociedade Espanhola de Médicos Gerais e de Família e os grupos afetados "Long Covid Acts".

Durante três meses, foi feito um inquérito a um total de 2120 pessoas, das quais 1834 são pacientes com sintomas compatíveis com a COVID-19 persistente ou de longa duração — dentro deste grupo, 79% são mulheres com uma média de idade de 43 anos. Metade dos pacientes tinha entre 36 e 50 anos e pertenciam às Comunidades Autónomas de Madrid e da Catalunha —  as mais atingidas em Espanha no início da pandemia.

Mulher, 43 anos e com sintoma há mais de 185 dias após ser infetada na primeira onda da pandemia, é o perfil mais frequente de pacientes com COVID-19 persistente, segundo a pesquisa 78% ​​dos inquiridos realizou um teste diagnóstico, sendo o PCR o mais frequente, que detetou um resultado positivo em 73%.

Segundo o  "La Vanguardia" , Pilar Rodríguez Ledo, responsável pela pesquisa, assume que os resultados refletem a situação vivida durante a primeira fase da pandemia. Devido à saturação de abril e maio, muitos dos pacientes não foram testados na altura certa e por isso, em muitos casos, o resultado foi negativo.

A pesquisa registou até 200 sintomas persistentes que variam ao longo do tempo, com uma média de 36 sintomas por pessoa. De acordo com o percentual de cada sintoma, em relação ao total de 1834 respostas, os sintomas mais frequentes são: fadiga / astenia (95,91%), mal-estar geral (95,47%), dores de cabeça (86,53%), mau humor (86,21%),  dor muscular ou mialgia (82,77%),  falta de ar ou dispneia (79,28%), dores nas articulações (79,06%), falta de concentração / défice de atenção (78,24%), dor nas costas (77,70%), pressão torácica (76,83%), ansiedade (75,46%), febre baixa (75%), tosse (73,2%), falhas de memória (72,63%), dor cervical / cervical (71,32%), diarreia (70,83%), dor torácica (70,12%), palpitações (69,85%), tontura (69,36%) e formigamento nas extremidades ou parestesias (67,28%).

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Relativamente ao envolvimento de órgãos, 50% ​​têm sete áreas afetadas, sendo os mais frequentes sintomas gerais (95%), distúrbios neurológicos (86%), problemas psicológicos / emocionais (86%), problemas do aparelho locomotor (82%), problemas respiratórios (79%), distúrbios digestivos (70%), distúrbios cardiovasculares (69%), distúrbios otorrinolaringológicos (65%), distúrbios oftalmológicos (56%), alterações dermatológicas (56%), alterações da coagulação (38%) e alterações nefrológicas (25%).

O resultado das questões da pesquisa referentes à experiência do paciente sobre o estado de saúde, numa escola de 0 a 10 — sendo 10 o nível de saúde mais alto — revelaram uma grande incapacidade de realizar as atividades do dia a dia por pessoas afetadas pela COVID-19 persistente. Por exemplo, 30,43% dos casos apresenta dificuldades ou impossibilidade de se limpar ou  70,12% tem dificuldade em cumprir as obrigações familiares diárias.

Segundo o jornal espanhol "Tuotrodiario", a vice-presidente da Sociedade Espanhola de Médicos Gerais e de Família, Pilar Rodriguéz Ledo, afirma ainda que é  "fundamental" investigar as causas da doença em profundidade de forma a não atuar apenas sobre os sintomas. Pilar destacou que estão a ser consideradas duas hipóteses para explicar a COVID-19 persistente: o facto de o vírus poder persistir fora dos locais onde costuma ser detetado pelo PCR ou o vírus criar uma afetação imunológica.

Anna Kemp, paciente afetada por COVID-19 Persistente, infetada desde 18 de março, lamenta o "abandono institucional" e refere que se sente "esquecida" e "invisível". "Não alteramos as estatísticas porque não estamos recuperados nem mortos, mas temos que aparecer nelas. Estamos perante uma doença desconhecida, não reconhecida e muito incapacitante que atinge jovens sem patologias prévias no auge da sua atividade laboral", afirmou.