“Ele bateu-me até eu me render, e depois violou-me”. Foi assim que a atriz e fotógrafa francesa Valentine Monnie descreveu o alegado ataque que terá sofrido em 1975 de Roman Polanski, o realizador responsável por filmes como "A Semente do Diabo" e "O Pianista". A revelação foi feita na sexta-feira, 8 de novembro, ao jornal "Le Parisien".
Segundo Valentine, os dois conheceram-se através de um amigo em comum que terá convidado a então jovem, com 18 anos, a ir a casa do realizador, na Suíça, para esquiar. Terá sido depois disso que o ataque aconteceu.
"Foi extremamente violento. Depois de estarmos a esquiar, perto da sua cabana em Gstaad, ele bateu-me. Ele bateu-me até eu me render, e depois violou-me. Eu tinha acabado de fazer 18 anos e o meu primeiro relacionamento tinha acontecido alguns meses antes. Pensei que ia morrer. Disse a mim mesma: 'É o Roman Polanski. Ele não pode correr o risco de que isto se saiba. Ele mata-me'", recorda ao mesmo jornal.
Na altura da publicação do testemunho, a mesma publicação entrou em contacto com Hervé Temime, advogado do realizador, que diz que Polanski contestava "firmemente" todas as acusações de que estava a ser alvo. Este domingo, 10 de novembro, a agência de advogados que representa o ator lançou um comunicado face ao caso — onde pondera processar o jornal que deu voz ao testemunho de Valentine Monnie.
"Roman Polanski contesta todas as acusações de violação. Estamos a considerar tomar uma ação legal contra a publicação. O realizador não vai participar num tipo de julgamento perpetuado pelos media", lê-se no comunicado citado pela revista a.
Ainda no mesmo comunicado, Hervé Temime diz que as alegações dizem respeito "a factos que aconteceram há 45 anos". "Nunca esta acusação foi do conhecimento de Roman Polanski ou de uma instituição judicial", e que, por isso, "é impossível recolher todos os elementos necessários para que sejam feitas as devidas investigações".
A verdade é que as alegações não podem resultar em qualquer acusação formal já que o testemunho de Valentine Monnie refere-se a um acontecimento de há mais de 40 anos. Na Suíça, o prazo para a prescrição de uma queixa está estabelecido nos 20 anos.
Atualmente, Roman Polanski vive exilado em França depois de, em 1978, ter fugido dos EUA para evitar um mandado de prisão por ter admitido ter tido relações sexuais com uma menor de 13 anos.