Quatro anos após a estreia de "Os Oito Odiados", o realizador norte-americano Quentin Tarantino prepara-se para lançar o seu próximo (e talvez último) filme nos cinemas. "Era Uma Vez em... Hollywood" foi recebido com uma ovação que durou sete minutos no Festival de Cinema de Cannes, em França, e a crítica tem-se desfeito em elogios.

A história passa-se em 1969, numa altura em que o culto criado por Charles Manson estava em ascensão e se tornou numa organização criminosa depois de os seus discípulos terem assassinado cinco pessoas em dois dias. Uma delas foi Sharon Tate, que na altura estava grávida e era casada com o realizador polaco Roman Polanski.

Apesar dos elogios ao filme pela crítica internacional, Emmanuelle Seigner, atual mulher de Polanski, teceu duras críticas a Tarantino por ter decidido usar uma história trágica sem o consultar.

"Era Uma Vez em… Hollywood" recebe ovação de pé em Cannes (e durou 7 minutos)
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Segundo escreveu na sua página oficial de Instagram, Seigner acusa o realizador norte-americano de "usar a tragédia de alguém e passar-lhe por cima só para poder contar uma história em filme." No entanto, sabe-se agora que Roman Polanski terá contactado Tarantino e nunca se mostrou aborrecido com a decisão do realizador responsável por clássicos como "Pulp Fiction" ou "Reservoir Dogs".

Em entrevista à revista "Deadline", Tarantino conta que Polanski o contactou através de um amigo em comum. "Esse amigo ligou-me e disse que o Roman não estava chateado nem irritado, mas sim curioso."

"Visto que o Roman não pode sair da Europa [depois de ter admitido violar uma menor em 1977], pedi a esse amigo que viesse a minha casa para que pudesse ler o argumento do filme. Ele leu-o só para que pudesse ligar ao Roman e explicar-lhe a ideia e de que forma a tragédia fazia sentido no filme. Basicamente, para lhe dizer que não tinha nada com que se preocupar", revela.

À mesma publicação, Tarantino revela também por que motivo decidiu não informar Polanski do uso da história antes de o filme entrar em produção.

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"Estamos a falar de uma tragédia que seria incompreensível para a maior parte dos seres humanos. Temos a Sharon [Tate] e o seu filho que, apesar de não ter nascido, viveu. É de loucos dizer-se uma frase destas. Acho que a morte dela e a tragédia já fazem parte da História."

É por já fazer parte da história e da cultura norte-americana que Tarantino se sentiu à vontade para avançar sem o consentimento do realizador polaco.

"Passou a ser historicamente importante e não só apenas uma tragédia pessoal, por isso senti-me à vontade para isso. Não queria ligar-lhe enquanto estava a escrever porque não lhe ia pedir permissão. Não acredito que ele precisasse de sentir ansiedade", conclui. 

"Era Uma Vez... em Hollywood" conta com Leonardo DiCaprio e Brad Pitt nos papéis principais. O filme chega às salas de cinema portuguesas a 8 de agosto.

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