Começou por identificá-lo como o "vírus chinês", depois começou a duvidar do número de mortes, que crescia exponencialmente a cada dia. Donald Trump demorou a reconhecer que a pandemia era mundial e agora volta a surpreender com uma sugestão pouco consensual: injetar desinfetante em pacientes com COVID-19 de maneira a atacar o vírus.

O Presidente dos Estados Unidos fez esta sugestão depois de uma apresentação feita por um funcionário do Departamento de Segurança Interna, William Bryan, conselheiro de Ciência e Tecnologia do titular da pasta. Bryan falou sobre uma teoria sem base científica que concluiu que a luz do sol e uma temperatura mais alta aceleram a morte do vírus tanto no ar quanto em superfícies. Além disso, referiu que o desinfectante e a líxivia podiam ser bochechados ou inalados para o mesmo efeito.

Este estudo, ainda que dê esperança de que as infeções possam diminuir com o aumento da temperatura no verão, ainda não foi divulgado e aguarda avaliação externa.

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Ainda assim, Trump usou essa informação no discurso e sugeriu que se usassem "luzes tremendas" no corpo e lembrou que o desinfetante mata o vírus em apenas um minuto. "Um minuto. Há alguma forma de fazer isso, com uma injecção ou limpeza?”.

As reações não se fizeram esperar e a comunidade médica tem usado as redes sociais para lembrar que este tipo de tratamento não é seguro.

"Esta ideia de injetar ou ingerir qualquer tipo de produto de limpeza no corpo é irresponsável e perigosa", explica à "NBC" Vin Gupta, pneumologista e especialista em políticas de saúde  "É um método comum que as pessoas utilizam quando querem se matar".

O médico refere ainda que estas recomendações, vindas do presidente dos Estados Unidos são extremamente perigosas. "Há pessoas que seguem tudo o que o presidente diz".

O discurso de Trump acontece numa altura em que os Estados Unidos registam mais mortes por Covid-19 do que Itália e Espanha juntas. No total, o país tem 890 mil casos confirmados e mais de 50 mil mortes registadas.