Depois de 58 lutas, 50 vitórias, 44 nocautes, seis derrotas, três anos de prisão, uma tragédia familiar (a filha morreu vítima de um acidente doméstico) e uma declaração de falência, Myke Tyson, um dos ex-pugilistas mais famosos do mundo, considerado pela revista "Ring Magazine" um dos 16 melhores, reergueu-se e abraçou o mundo holístico. E parece ter trocado as luvas de boxe por um charro de cannabis.
Vamos recuar uns anos. Em 2016, Tyson, 52 anos, criou a empresa Tyson Holistic Holding, através da qual vendia produtos premium feitos à base de cannabis. Mas este foi só o início. O plano — que ainda não está concluído — é bastante mais amplo: está a construir, desde dezembro de 2017, o Tyson Ranch, um rancho de 164 hectares, localizado no sul da Califórnia, junto ao deserto de Hot Sprint. Em outubro, a empresa já tinha um mapa completo do rancho, mas ainda não se sabe quanto é que falta para que a construção fique concluída.
E o que é que vai haver? Muita coisa — para entreter, para descansar e para investigar. Será a casa de várias atrações turísticas e eventos, como o Kind Music Festival, um festival descrito pelo sócio Rob Hickman, como o “lollapalooza [festival de música] da cannabis”, que já teve a primeira edição a decorrer por lá em fevereiro. Aqui as pessoas podem usar marijuana, ver concertos e saber mais sobre os alegados benefícios desta substância.
A ideia é que o rancho seja vocacionado para a indústria de turismo de cannabis e, por isso, vai também incluir um hotel de luxo e 200 unidades de glamping. Todos os hóspedes podem fumar no rancho, exceto nas áreas onde se faz a comercialização dos produtos à base de cannabis — que não será plantada lá, uma vez que o ex-pugilista é parceiro de vários grandes produtores de marijuana.
Os padrões para a sua produção são elevados: neste futuro império de erva liderado por Tyson, tudo deverá ser livre de pesticidas, o produto deverá garantir a presença de flavanoides naturais, com as plantas a serem cultivadas dentro de casa e colhidas nos seus tempos certos, garantindo a qualidade e efeitos benéficos.
“Pensei no quanto poderia ajudar as pessoas com a cannabis”, disse à “Cannabis Tech Today” o ex-pugilista, que durante anos abusou de drogas pesadas. “Lutei durante mais de 20 anos e o meu corpo está muito desgastado. Passei por duas cirurgias e usei cannabis para acalmar os meus nervos, e isso tirava-me a dor… Antes punha-me a ingerir opiáceos e isso lixou-me todo.”
Mas não se trata só de diversão e descanso. O Tyson Ranch também vai reservar lugar para uma universidade, centro de investigação e educação sobre cannabis, centrada em torno da utilização com fins medicinais da substância e nas técnicas de cultivo para futuros agricultores. “Ele está a construir um centro holístico de saúde e bem-estar”, descreveu Hickman.
“Haverá testes na universidade. Vai ser sobre como educar as pessoas sobre os benefícios, como crescer e sobre como estar em negócios adequados.”