A 10 e 11 de maio, Elisabet Sadó consagrou-se vencedora no Campeonato de Squash das Astúrias, realizado no município espanhol de Corvera. Quando a organização lhe entregou o prémio, porém, a espanhola de 37 anos — que chegou à 196.ª posição no ranking mundial, em novembro de 2007 —, nem queria acreditar no que estava a ver.

De acordo com o jornal espanhol "Marca", as vencedoras do torneio (Elisabet ficou em primeiro lugar, mas foram entregues prémios aos quatro primeiros lugares) receberam, para além dos troféus, dois kits de depilação, uma lima elétrica para os pés e um vibrador.

Isto no caso das vencedoras do sexo feminino — os atletas masculinos não receberam nenhum presente além dos troféus.

Há mais mulheres a liderar as maiores empresas americanas, mas ainda só representam 6% do total
Há mais mulheres a liderar as maiores empresas americanas, mas ainda só representam 6% do total
Ver artigo

Em declarações ao jornal desportivo, Elisabet Sadó afirmou que as atletas ficaram em choque quando receberam os prémios. "Ficámos em choque, impactadas e indignadas. Tenho 37 anos, estou a competir desde os 8 e nunca na minha vida recebi algo tão sexista", revelou.

As jogadoras receberam os troféus acompanhados de outros presentes

"É uma barbaridade e não pode voltar a acontecer. A recompensa dos nossos treinos não pode ser esta. Falta uma Lei do Desporto que ajude a que isto não aconteça e que, face a situações de descriminação de género, crie algum tipo de infração para que não volte a ocorrer", disse a jogadora.

Estudo conclui que a Dinamarca é o país menos feminista do mundo
Estudo conclui que a Dinamarca é o país menos feminista do mundo
Ver artigo

Alguns dias depois do sucedido, as atletas premiadas escreveram uma carta à Federação de Squash do Principado das Astúrias, onde explicaram a situação. "Nunca tinha acontecido algo parecido em toda a história", afirmou a membro do Conselho de Administração da Federação, Maribel Toyos, citada pelo "El País".

Segundo o jornal, este assunto está agora nas mãos do Instituto Asturiano da Mulher e já causou três demissões no Oviedo Squash — clube que organizou o torneio. Num comunicado, o clube acabou por pedir desculpa às jogadoras, mas, segundo o "Marca", não consideraram os prémios sexistas.

Ameaças de despedimento, isolamento e horas extraordinárias. Histórias de assédio moral no trabalho
Ameaças de despedimento, isolamento e horas extraordinárias. Histórias de assédio moral no trabalho
Ver artigo

"Pedem desculpas e explicam que não queriam ofender as jogadoras. Mas se não consideram as prendas sexistas, porque não as ofereceram também aos homens?", questionou Maribel Toyos, face à reação do Oviedo Squash.

Esta não é a primeira vez que as jogadores sofrem de discriminação. Aliás, de acordo com a jogadora Elisabet Sadó, citada pelo jornal "Marca", as mulheres costumam receber "prémios desiguais, uniformes masculinos e piores horários para jogar". "É um aglomerado de coisas, mas esta foi a gota de água", afirmou.