Era cabeleireiro, mas era muito mais do que isso. Eduardo Beauté marcou tendências e quebrou protocolos, ao arriscar na vida como o fazia na moda.

Era exuberante nas roupas que usava e nas palavras que escolhia para se expressar e nunca escondeu que o amor era o seu ponto fraco. O divórcio do modelo Luís Borges deixou-o numa depressão e, numa entrevista recente assumiu que teve ataques de pânico e esteve medicado, durante dois anos.

Escreveu este ano um livro de memórias, a que deu o nome de "À procura de uma família", cuja descrição prometia histórias nunca antes contadas: “Violência, bullying, abusos, drogas, amores e desamores. Todas as verdades nuas e cruas de 50 anos de virtudes e de erros que, nos sucessos e insucessos, tiveram sempre por base a certeza do que ainda hoje o move: a busca pela família”.

E se falamos em família, é impossível não recordar duas tragédias. O pai de Eduardo suicidou-se em 2010 e o seu único filho biológico, Rúben Duarte, morreu de cancro ainda bebé, com apenas cinco meses.

Anos mais tarde, assumiu a sua homossexualidade e quebrou tabus ao casar com um homem mais novo, o modelo Luís Borges, atualmente com 31 anos, e com quem adotou três crianças, uma delas com trissomia 21.

Sabe-se agora que Eduardo Beauté foi encontrado morto em casa, aos 52 anos, e as causas não são ainda conhecidas. "Que tenhas a paz que te faltou aqui", escreve o ator António Pedro Cerdeira e o apresentador Flávio Furtado deseja que o cabeleireiro descanse, "finalmente em paz".

Recordamos a vida de Eduardo Beauté em cinco momentos marcantes.

1. O cabeleireiro dos famosos

Eduardo Ferreira era o seu nome, mas o Beauté fazia muito mais sentido. Quando abriu o seu primeiro salão em nome próprio, fê-lo em Leiria — era natural da Marinha Grande — e deu-lhe o nome de “Eduardo Haute-Beauté”. “As pessoas quando iam ao meu cabeleireiro diziam que iam ao Eduardo Beauté e assim ficou", conta, numa entrevista dada ao Observador em 2015.

Mas foi quando abriu o salão em plena Avenida da Liberdade que o sucesso cresceu. Rapidamente ficou conhecido como o "cabeleireiro dos famosos" e ao longo da sua carreira penteou apresentadores, atores, modelos, tendo ficado amigo de muitos deles.

"O Eduar­do é dos meus melhores amigos e é uma das pessoas mais presentes na minha vida", disse Fernanda Serrano à "Caras". Já a apresentadora Fátima Lopes era fiel ao seu trabalho enquanto cabeleireiro e foi, a par de Fernanda Serrano, madrinha do casamento com Luís Borges.

2. Um passado trágico

Estamos a par da história mais recente e tumultuosa do cabeleireiro, mas foi através do seu livro e das entrevistas mais recentes que ficamos a saber que as tragédias começaram cedo na sua vida.

Em maio de 2016, numa entrevista à revista "Lux", Eduardo Beauté conta que foi vítima de “violência física e verbal por ser exuberante e diferente”. Conta ainda que passou dificuldades económicas durante a juventude, uma vez que a mãe foi abandonada pelo pai com os filhos ainda pequenos. Eduardo manteve sempre uma relação distante com o pai, que se suicidou em 2010.

Antes de assumir a sua homossexualidade, Eduardo foi pai os 19 anos de uma criança que morreu de cancro com apenas cinco meses.

3. O casamento

Eduado Beauté com Luís Borges e a filha Lurdes

Foi aqui que Eduardo quebrou todos os tabus. Além de assumir a sua homossexualidade sem medos, nunca escondeu o namoro, que acabou em casamento, com Luís Borges. Na altura da cerimónia, o cabeleireiro tinha 44 ano e o modelo 23 anos.

A cerimónia civil aconteceu em 2011 no Hotel Rural Quinta do Pinheiro, na Nazaré e contou com convidados de peso. Fernanda Serrano e Fátima Lopes foram as madrinhas de Eduardo e Luís escolheu as modelos Sara Sampaio e Ana Sofia.

No dia seguinte, o casal rumou a Istambul para a lua de mel.

4. Os filhos

Depois de já terem marcado a diferença na hora de assumirem a relação, Eduardo e Luís não deixaram que nada os impedisse de serem pais, um sonho que alimentavam há já alguns anos.

Juntos, adotaram três crianças. Bernardo foi o primeiro e o casal conheceu-o quando a tia-avó da criança apareceu no salão de cabeleireiro e propôs que o criassem como filho, uma vez que a mãe biológica não tinha capacidade financeira para o fazer. Depois de muitos avanços e recuos no processo — recorde-se que foram acusados de de comprar filho adotivo por 50 mil euros —, Eduardo, Luís e a mãe da criança acordaram que a guarda seria partilhada, ainda que ficasse a viver com o cabeleireiro e o modelo.

Bernardo é portador de Trissomia 21 e os dois sempre se esforçaram para garantir que teria todo o apoio necessário.

Mais tarde, adotaram Lurdes, que veio da Guiné com 18 meses e, pouco depois, Eduardo, que nasceu na mesma instituição onde o casal tinha ido buscar a irmã.

5. O declínio

Em 2018, teve que fechar o salão da Avenida da Liberdade

Em 2018, Eduardo foi obrigado a fechar o salão que tinha na Avenida da Liberdade por não conseguir suportar os valores da renda e, mais tarde, admitiu: "Tenho famosos que me devem milhares de euros"

Este momento profissional menos positivo acontece no culminar de sucessivos problemas pessoais. De casal modelo, Eduardo e Luís passaram a ser o exemplo daquilo que um casal não deve mostrar. Acusações, insultos e até agressões, os últimos anos a dois e o pós divórcio foram anos tumultuosos e o cabeleireiro chegou mesmo a publicar um vídeo nas redes sociais no qual admitia: "Estou a viver o pior momento da minha vida". Em lágrimas, Beauté revelava que estava em grande sofrimento e que esteve duas semanas de cama.

Eduardo chegou a assumir, num post partilhado no Facebook, que agrediu Luís e que só decidiu contar a todos por estar a ser alvo de ameaças por parte do antigo companheiro.

Nas várias entrevistas que deu este ano, recordou que esteve medicado e que teve ataques de pânico — admitindo que foi durante um deles que publicou o famoso vídeo. A Manuel Luís Goucha, no programa "Você na TV", esclareceu que nunca teve pensamentos suicidas: “Estive muito desesperado, mas eu olhava para os meus filhos e era impensável”.

Eduardo Beauté foi encontrado morto em sua casa no dia 7 de setembro e, ainda que as causas não sejam ainda conhecidas, os amigos reagem ao sucedido como uma inevitabilidade. Esta é "uma morte anunciada", escreve Lili Caneças.

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