As icónicas letras que constituíam o "I amsterdam" foram retiradas nesta terça-feira, dia 4 de dezembro, da capital holandesa. Ao fim de mais de dez anos a servirem de fundo a inúmeras fotografias junto ao Rijksmuseum, o museu da Holanda, localizado na Museumplein (Praça dos Museus), as letras gigantes brancas e vermelhas foram consideradas muito individualistas para continuarem a servir de marco para todos os que passam por Amesterdão.
A decisão partiu da conselheira municipal, Femke Roosma, que afirmou estar na altura de diversificar e mostrar algo mais tolerante e solidário.
A fama das letras tomou proporções tão grandes que até o site da cidade lhes está associado, pelo que a líder do partido de esquerda, GroenLinks, admitiu que o slogan reduz a cidade a uma história de marketing.
Indo ao encontro do testemunho de Roosma, o economista e vereador de Amesterdão, Udo Kock, acrescentou, segundo o "The Telegraph", que simbolizavam o turismo em massa e os seus efeitos negativos.
A decisão de retirar as letras não agradou a muitos holandeses, tanto que 66% dos residentes votaram contra. À conversa com a "Telegraph Travel", a "Amsterdam Marketing" criticou as palavras de Udo Kock e da conselheira. Janine Fluyt, a voz da organização, defendeu que o "I amsterdam" é antes uma característica identificadora. "Aqui podem ser quem quiserem. Qualquer pessoa que contribua com algo para Amesterdão pode sentir-se parte da cidade, seja temporária ou permanentemente", esclareceu.
Contrariamente, Rodney Bolt, da mesma publicação, mostra-se feliz pela decisão tomada. "As pessoas mais facilmente tiram um selfie do lado de fora do Rijksmuseum do que se mostram interessadas pelas pinturas dentro do museu", disse, depois de já no início do ano ter argumentado, num artigo, que a cidade estava a ser roubada por turistas.
Foi aberta uma petição, assinada por mais de 11 mil pessoas que queriam a devolução dos sinais, que, a seus olhos, mostravam conexão entre pessoas de qualquer crença, sexo e origem. Apesar do esforço, os guindastes prosseguiram com a remoção.
Ainda há quem tire selfies no local, mas agora com um "HUH", implementado temporariamente pela designer Pauline Wiersema, em forma de protesto. E estão muito longe de chegar às seis mil diárias que tinham "I amsterdam" como cenário.