A situação pandémica em Portugal volta a ser preocupante. Um relatório divulgado pelo Instituto Ricardo Jorge (INSA) e pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) este sexta-feira, 16 de julho, dá conta de que o número de doentes com COVID-19 em cuidados intensivos corresponde agora a 72% das camas ocupadas nos hospitais, mais 28% em relação à semana anterior, e que o número de novos casos aumentou face a menos testes feitos nos últimos sete dias.

Até 14 de julho havia um total de 174 camas ocupadas nas unidades de cuidados intensivos, principalmente com doentes entre os 40 aos 59 anos, situação que parece estar a progredir. "No último mês, este indicador tem vindo a assumir uma tendência crescente", pode ler-se no relatório. As autoridades de saúde alertam para o facto de Portugal estar próximo do limiar de 245 camas ocupadas em cuidados intensivos (valor que que corresponde às "linhas vermelhas") e na próxima semana serão divulgados dados sobre a ocupação máxima recomendada por região.

O número de doentes em unidades de cuidados intensivos pode ser decisivo nas medidas mais ou menos restritivas que serão tomadas pelo governo nas próximas semanas, e que, de acordo com a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, só serão divulgadas a 27 de julho, dia para o qual está marcada a reunião do Infarmed.

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Quanto ao número de novos casos no País, registaram-se 372 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, refletindo-se no índice de transmissibilidade, agora acima de um a nível nacional (1,12) e em todas as regiões — ainda assim, menor do que na semana passada. Face à "tendência crescente a nível nacional", diz o relatório, as regiões que ainda não atingiram o limitar de 240 casos por 100 mil habitantes deverão ultrapassá-lo em menos de 15 dias.

O balanço semanal indica ainda que foram feitos menos testes — 432 mil dos 435 mil registados na semana anterior — no entanto, a proporção de testes positivos foi de 4,9%, o que representa um aumento de 4,5% em apenas sete dias. Dos casos registados, a maioria (88,6%) dizem respeito à variante Delta, que já é dominante no País.