A prioridade da toma da vacina contra a COVID-19 em Portugal vai mudar. Estão a ser revistos os grupos prioritários e o objetivo é que os políticos passem a fazer parte destes grupos. O dado é avançado pelo coordenador do Plano Nacional de Vacinação contra a COVID-19 em Portugal, Francisco Ramos, numa entrevista ao semanário "Expresso".

"Estamos exatamente a trabalhar numa proposta para que possam ser incluídos entre os prioritários os titulares de altos cargos de decisão porque, obviamente, é essencial estarem protegidos", diz o coordenador. A primeira proposta já foi apresentada pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e agora "dentro da task force está a trabalhar-se no sentido de chegar a uma definição final".

Quanto aos professores, que pedem para fazer parte dos primeiros grupos a serem vacinados, Francisco Ramos não recusa a ideia, mas expõe o principal impedimento: "A única situação que nos impede de atender a essas reivindicações é a escassez de vacinas. Não é uma questão de ter ou não razão", diz.

Apesar de não ser possível responder a este grupo e a "mais de um milhão de portugueses que mereceriam ser considerados nesta fase", o coordenador do plano de vacinação aponta um aspeto positivo: "Demonstra que as pessoas querem ser vacinadas e o receio não está a confirmar-se".

A campanha de vacinação em Portugal começou a 27 de dezembro, com a imunização dos profissionais de saúde. "Na próxima semana", avança Francisco Ramos, "cerca de dois terços dos prioritários do SNS e cerca de 15% dos profissionais de saúde" já terão a vacinação completa — que implica duas doses da vacina da farmacêutica Pfizer.

De acordo com o primeiro-ministro, António Costa, no final do verão nPortugal terá 70% da população adulta vacinada, "se não houver incidentes". "Com o calendário definido e contratualizado entre a Comissão Europeia e as diferentes empresas, assim como com o calendário de distribuição estabelecido para os diferentes países, isso permitirá que em todos, e também é Portugal, 70% da população esteja devidamente vacinada e imunizada", disse numa conferência de imprensa esta quinta-feira, 21, no final de uma cimeira de líderes europeus.

Para já, António Costa avança que a vacinação de todos os utentes e colaboradores dos lares está prevista para "o final da próxima semana".

Autarca de Reguengos de Monsaraz toma vacina sem ser prioritário

Apesar de ainda não se confirmar a prioridade da vacina contra a COVID-19 para titulares de altos cargos de decisão, esta quinta-feira, 21, o presidente da câmara municipal de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, de 56 anos, já tomou a primeira dose da vacina contra a COVID-19. O autarca não faz parte de nenhum dos grupos prioritários, avança o "Expresso".

A vacina foi conseguida pelo facto de ser presidente da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva, que gere o lar com o mesmo nome, no qual se registou um surto em agosto.

O momento da vacinação foi partilhado no Facebook, no qual uma munícipe questionou o presidente sobre se se enquadrava nos requisitos para a toma nesta fase. José Calixto justificou que como "autoridade municipal de Proteção Civil", que, “a par dos bombeiros”, tem "responsabilidades diárias na tomada de decisões em focos de problemas". Ainda assim, reconheceu: "Mas não, nessa missão não fomos ainda considerados prioritários como devia ser”.

O coordenador do plano de vacinação já se manifestou quanto ao sucedido. Afirma que José Calixto não deveria ter sido vacinado e que esteve mal como membro de administração, disse ao jornal "Observador".