Há cinco anos, Diogo Reffóios Cunha viajou para o Vietname durante três meses com a esperança de que, à medida que conhecia uma nova cultura, seria capaz de manter todos os clientes que detinha enquanto gestor de marketing digital. O desfecho foi o contrário do esperado. "A verdade é que todos os meus clientes me despediram. Não sobrou nem um", recorda à MAGG. "Só queria viajar e divertir-me", o que levou a que o delinear da estratégia de comunicação daqueles clientes fosse ficando cada vez mais para trás.

O gestor de marketing, e o segundo classificado do "BB2020", é o primeiro a dizer que é "péssimo a gerir horários e clientes". O seu trabalho, continua, "consiste em ser criativo e em ter ideias", mas assume a falha. Por se identificar como nómada digital, em que a mochila nunca lhe sai das costas, sabia que "por gostar de estar fora do escritório, era importante aprender" a conciliar esse regime com as restantes responsabilidades.

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É nesse contexto que surge o coletivo de nómadas digitais e que, mais tarde, serviu de mote para a criação do Nómada Digital Summit, um evento repleto de conferências que, este ano, tem como mote principal a flexibilização e a liberdade do trabalho. "Há cinco anos, quando voltei do Vietname, senti que precisava de conhecer e aprender com pessoas nómadas como eu, para perceber como trabalhar a comunicação e como gerir equipas de todas as partes do mundo", explica.

Foi através dessa procura que encontrou vários portugueses que, tal como Diogo Reffóios Cunha, trabalhavam remotamente quando a COVID-19 ainda não era uma realidade.

E se na primeira edição do evento, em 2020, a ideia passava por oferece soluções para que o trabalho remoto fosse agilizado, nesta segunda edição — que decorrerá entre 8 e 10 de abril —, a ideia é outra: "Dar ferramentas para as pessoas terem a capacidade e a disponibilidade mental de não se sentirem culpadas por não ir ao escritório de manhã se só tiverem uma reunião durante a tarde. Podem ficar a casa e desempenhar as mesmas funções."

Diogo reffóios Cunha
créditos: Luís Pereira/MAGG

"Queremos que o funcionário que tenha um horário das nove às cinco, e que tem de picar o ponto só para poder receber o subsídio de refeição, se sinta inspirado para que, agora que experimentou o teletrabalho, não tenha de ir para o escritório se não houver nada naquele local que obrigue a sua presença", diz.

Só assim, garante o gestor de marketing, inspirando e dotando os trabalhadores de várias ferramentas, será possível impulsionar uma maior flexibilização na área.

Diogo Reffóios Cunha, o nómada com a liberdade de poder viver onde quer

E enquanto os primeiros dois dias do Nómada Digital Summit serão compostos por conferências várias, com a participação de vários portugueses ligados à área do marketing, o último dia será de workshops para a implementação das estratégias discutidas anteriormente. Sobre isto, o gestor de marketing é assertivo: a escolha de querer manter o teletrabalho enquanto regime total ou faseado, é do trabalhador.

E o tema é-lhe querido, uma vez que toda a vida de Diogo Reffóios Cunha assenta no nomadismo e na liberdade de poder viver onde quer. Atualmente, chama casa ao Selina Secret Garden, um hotel de três estrelas localizado no Bairro Alto, em Lisboa, que faz parte de uma rede de alojamentos que albergam nómadas digitais que, tal como o nome indica, trabalham remotamente.

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Em troca da dormida, Diogo Reffóios Cunha trabalha com eles, acertando a comunicação da marca em todo o País e agilizando "toda a consultoria de marketing". A experiência, garante, deu-lhe "uma estaleca brutal" que o tem vindo a beneficiar nos vários projetos em que se tem inserido, até porque é uma forma de viajar, mesmo estando parado.

"Se quiser falar sobre Paris, sento-me ao lado de dois amigos que vivem no hotel e falo com eles. É uma sensação incrível de me sentir a viajar, sem ter de sair do meu País."

Os bilhetes para o evento, exclusivamente digital, já estão à venda no site oficial e vão dos 29,90€ aos 79,90€.