Na madrugada de 25 de abril, foi colocada uma estátua de seis metros na Praça do Marquês de Pombal, em Lisboa. Este gigante, vestido com um fato de treino e sapatilhas, e com grande parte da cara tapada, foi criado pelo artista Confeere (Bruno Gonçalves), e pretende simbolizar um "grito pela liberdade" e agradecimento um aos "que lutaram" por ela, escreve a "Visão", segundo declarações do artista de 27 anos.

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Em declarações à Lusa, Confeere explicou que a figura "acaba também por ser quase uma passagem de testemunho (...) para os mais jovens terem consciência da importância deste dia [a revolução do 25 de abril de 1974] para as nossas vidas atuais".

Conforme explicado por Confeere, "alguns elementos da peça estão muito ligados a referências muito presentes na vida dos jovens, de maneira a que eles também se relacionem e revejam na obra" embora saliente que a estátua "não tenha que ser um jovem, atenção". "O objetivo aqui é ser uma pessoa, e o facto de estar todo de preto [nas roupas] é quase como se fosse um uniforme de luta, e também não individualizar a pessoa, não ser reconhecida. Até porque o importante aqui é a luta pela liberdade, neste caso é a corrida pela liberdade”, explicou.

Bruno Gonçalves mencionou ainda o facto de a cara da figura não ser alvo de destaque. "Não interessa a cara do personagem. Essas são coisas secundárias, porque o importante aqui é mesmo a luta e não o lutador", afirmou.

A estátua foi feita com uma estrutura em metal, e posteriormente completada com espuma poliuretano e pedaços de esferovite, que foram esculpidos até chegar à forma pretendida. "Quando chegamos à forma, neste caso uma figura a correr, acrescentamos os tecidos, restos de material têxtil", contou o artista à "Lusa".

Esta obra de Confeere marca a primeira fase de uma exposição do artista, "que ainda está a ser trabalhada", e que Bruno prevê que esteja pronta no final do ano, sendo que será apresentada em Lisboa, e até lá tem uma estratégia de divulgação. "Estou a ver a exposição quase como um músico a fazer um álbum. A maneira como é publicitado o álbum até sair é à base de 'singles', lançar um, dois, três, quatro, até à data do álbum. E é nessa ótica que vou apresentar a exposição, sendo esta peça o primeiro 'single'", relatou.

Quem é Confeere?

Hoje, Bruno Gonçalves é tatuador e tem um curso profissional de design gráfico, mas antes disso já a criação e a pintura faziam parte da sua vida, dado que começou pela prática de 'grafitti'. Contudo, foi durante as viagens de comboio entre Lisboa e Alhandra, em Vila Franca de Xira, onde vive, que se começou a sentir inspirado a "pintar telas como se fossem o interior do comboio", e de modo a tornar as suas criações mais realistas, teve a ideia de aplicar materiais têxteis nas suas criações.

Em 2021, Confeere já tinha deixado um outro gigante na estação de comboios de Entrecampos, uma das várias obras que já tinha deixado pelas ruas de Lisboa, revela a "Visão".

Veja as fotos da obra.