Luís Filipe Vieira terá usado as contas bancários dos filhos, Tiago e Sara Vieira, para realizar "diversos movimentos de salvaguarda de património", escondendo a sua fortuna pessoal. É esta a tese de acusação defendida pelo Ministério Público (MP) no despacho a que o jornal "Correio da Manhã" teve acesso e cita.

Ainda que o dinheiro tenha sido transferido para a conta dos dois filhos, indicados como administradores da sociedade em questão, a palavra única e final sobre o destino dos fundos terá pertencido sempre a Vieira, defende o MP. Mas Luís Filipe Vieira não terá agido sozinho, tendo contado com a colaboração de, por exemplo, António Folgado, um antigo funcionário da Promovalor, uma das empresas de Vieira, que terá guardado os documentos que comprovassem a movimentação dos fundos, escreve o mesmo jornal.

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As suspeitas do MP são conhecidas no mesmo dia em que Luís Filipe Vieira é ouvido no Tribunal Central de Instrução Criminal. O presidente do Benfica, suspenso em funções — cargo entretanto assumido por Rui Costa —, chegou ao tribunal pouco depois das 9 horas deste sábado, 10 de julho, para ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre. À entrada do tribunal, o seu advogado Manuel Magalhães e Silva confirmou que Vieira "vai prestar declarações" e "procurar esclarecer tudo o que queira", escreve a agência Lusa, citada pelo jornal "Observador".

Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, foi detido por agentes inspetores da Autoridade Tributária na quarta-feira, 7, depois de as autoridades terem realizado várias buscas na decorrer de suspeitas de crimes de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

As buscas decorreram nas instalações do Benfica, na sede do Novo Banco, nas empresas ligadas ao empresário José António dos Santos e na casa do próprio Luís Filipe Vieira, da qual saiu já acompanhando pelos agentes. Em causa, está a suspeita de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais, considera o Ministério Público.

Esse envolvimento em "negócios e financiamentos", que está a ser investigado pelas autoridades, diz respeito a todas as movimentações ocorridas desde 2014.

Além do presidente do Benfica, foram também detidos o seu filho Tiago Vieira, o agente desportivo Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos.