Marta Curto, fotógrafa e escritora, foi alvo de bullying quando era pequena e foi isso que a fez tomar a decisão de criar o "Diário de Como Dei a Volta ao Bullying". Fazer da escrita uma fonte de autoestima e segurança é o objetivo deste projeto criado com a Associação No Bully Portugal, fundada por Inês Freire de Andrade, que também passou pelo mesmo na sua juventude.
Marta Curto tem 43 anos e, entre os 7 e os 14, foi vítima de bullying. Apesar de ter passado por fases mais complicadas, Marta sempre acreditou que aquilo seria algo passageiro e que não tinha o poder de definir a sua vida.
"Na altura, não se falava muito sobre este assunto. Ou falava-se, mas achava-se que era uma coisa normal de miúdos. Eu era uma miúda muito tímida, não respondia, e, basicamente, era o alvo perfeito. Chamavam-me nomes e era uma coisa repetitiva e comunitária que me fazia passar os recreios sozinha", conta à MAGG.
O facto de os atos nunca acontecerem em sala de aula fazia com que os professores não tivessem noção da situação, e Marta também não contava. Ainda assim, a escritora refere que sempre teve duas coisas como certas: saber que se tratava de uma fase e a escrita como refúgio.
"Sabia e tinha a certeza de que o futuro ia ser muito melhor e que aquilo não era o resto da minha vida. A segunda coisa que para mim era essencial era a escrita. O desenvolvimento da escrita fazia não só com que me conseguisse exprimir, como criar outros mundos em que eu era o que me apetecesse, e ter mais autoestima. A escrita ajudou-me muito e isso depois veio comigo a vida inteira."
Segundo Marta, o bullying ajudou-a a ser mais determinada, a tentar perceber o outro e a encontrar na escrita uma aliada. Tanto Marta como Inês Freire de Andrade, presidente da Associação No Bully Portugal, acreditam no poder da escrita, na força de um exercício de escrita criativa diário, onde o jovem se questiona, se revê e se encontra.
O "Diário de Como Dei a Volta ao Bullying", disponível em formato de ebook, foi revisto por duas psicólogas, uma educadora e vários jovens embaixadores da No Bully Portugal e desenhado para ser feito em autonomia, ao longo de 19 semanas, sete capítulos e mais de 90 exercícios de escrita criativa.
"O diário é para jovens a partir dos 12 anos e, principalmente, para quem precisa de se exprimir de outra forma. Acredito que este diário vai permitir relativizar situações, mas também aumentar a autoestima, o amor próprio e empoderá-los para os fazer acreditar que eles não são aquilo por que estão a passar", explica Marta.
Este ebook de mais de 188 páginas está disponível por 14,99€ no site da No Bully Portugal e no site da Marta Curto Photography.
Entrar neste desafio com a Associação No Bully Portugal fez muito sentido para Marta Curto. "Sei que eles têm projetos muito interessantes junto das escolas, pais e comunidade. Acho que vão à fonte do problema porque é muito importante termos uma comunidade escolar atenta. Por outro lado, têm também com eles vários jovens a alertar para o problema", frisa a escritora.
Para Marta, o principal objetivo e esperança é que este Diário seja "capaz de mudar vidas".